OPINIÃO
Hélio Bernardo Lopes |
Mesmo os textos contestadores do rumo económico do mundo, como os de Santiago Becerra, Joseph Stieglitz, Paul Ktrugman, Francisco Louçã, Antonio Baños Boncompain e muitos outros, raramente abordam o papel do tal Grupo de Bilderberg. É um tema que, no domínio das publicações, fica a anos-luz dos casos da CIA ou do KGB, por exemplo. Deixo ao leitor o encargo de lucubrar sobre as razões desta discrepância, embora possa vir eu a escrever um pouco sobre tal realidade, mas numa outra ocasião.
O que é verdade é que o Grupo de Bilderberg existe mesmo. E reúne sempre concidadãos do mundo ligados às áreas do poder, da economia e da finança. Havendo domínios muito mais fundamentais – religioso, político, cultural, etc. –, não deixa de ser razoável admitir que a razão de ser do grupo se liga, primacialmente, ao primeiro grupo de temas: poder, economia e finanças.
Como já se percebeu agora, a democracia está hoje reduzida a nada. Tem apenas que tentar manter-se, dada que a sua existência confere uma aparência de legitimidade ao exercício do poder: muita gente, fruto do clubismo gerado nas eleições, continua a acreditar que o voto dá garantias na escolha política. Ora, os argumentos usados para justificar tudo quanto a tem vindo a reduzir a nada são sempre de caráter económico e financeiro, potenciados hoje pelo fenómeno da globalização.
Acontece que esta se tem consolidado ao redor da ideia da livre circulação de capitais, mas não de pessoas. Àqueles e às operações que os envolvem justifica-se a naturalidade de baixar os custos de produção, ligados, entre outros fatores, à minimização do emprego e à baixa salarial. E o que se vai podendo ver é que a classe política, supostamente eleita por via democrática, é quem aplica tais regras, em vez de defender as condições essenciais a uma vida digna.
Por outro lado, ninguém assume a iniciativa de pedir um fim internacional para os paraísos fiscais, nem o de chamar a atenção para as consequências do crescimento da automação e da robótica. A própria grande comunicação social, em boa medida já hoje dominada pelos grandes interesses económicos e financeiros, também nunca aborda estas perigosas realidades. Apesar das mesmas mostrarem um movimento acelerado.
Um dado é certo: o presente caminho terá de terminar numa ditadura mundial. E é aqui que se inscreve a guerra religiosa dos nossos dias, dado que o funcionamento das sociedades tem sempre de suportar-se num aconchego de esperança que só pode situar-se para lá da razão. Portanto, a tal ditadura hoje em construção só pode revestir duas formas: ou meramente económica, o que conduzirá a uma guerra em larga escala; ou de suporte religioso último, que permitirá recriar uma fantasia de esperança.
Pois, o Grupo de Bilderberg inscreve-se, no momento que passa, no primeiro estádio, embora tenha já no seu seio um bom grupo de personalidades ligadas ao ambiente económico e financeiro católico. E também outros, de raiz protestante. Também judeus e, porventura, um ou outro do ambiente islâmico. E só um tolo poderia imaginar que tais encontros se destinam a operar meros bate-papos.
Por fim, esta evidência: quem faz parte do Grupo de Bilderberg, naturalmente, nunca poderá dizer que o seu objetivo é o de há muito percebido. Invariavelmente, far-se-á de parvo, assim como se nunca se tivesse apercebido do que quer que seja. O problema é que a explicação desta realidade faz-se por si mesma, porque tudo está à vista. É, no fundo, aquela realidade referida por Russell Ackof: conhecemos as respostas, todas as respostas, o que desconhecemos são as questões.
in:noticiasdonordeste.pt
Gostei de ver este assunto relatado neste grande serviso prestado aos Transmontanos que é esta pagina. Parabéns ao autor e ao mentor da página. Um bem haja
ResponderEliminarLeitura recomendada...Toda a Verdade sobre o Clube Bilderberg
ResponderEliminarde Daniel Estulin
http://www.wook.pt/ficha/toda-a-verdade-sobre-o-clube-bilderberg/a/id/1024406