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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Eremitério "Os Santos"

Situado no limite das freguesias de Sendim e Picote em local ermo e sobranceiro à margem direita do Douro, o Eremitério “Os Santos” localiza-se num daqueles locais, tantas vezes escolhidos para a construção de capelas e ermidas, de “deslumbramento paisagístico que favorecem o minucioso, facilitam a possibilidade de hierofanias e podem predispor para o sagrado”.
A ermida é formada por um abrigo, recortado em grande rocha granítica, voltado a nascente/sul. As faces nascente e sul, bem como a face que o cobre, apresentam pintura mural sobre reboco dividida em painéis, onde figuram a Coroação de Nossa Senhora pela Santíssima Trindade, S. Paulo Apóstolo, A conversação entre Santo Antão e S. Paulo Ermita e a Crucificação. Na face sul do abrigo recortado na rocha , a de maior dimensão, está representada a Coroação de Nossa Senhora pela Santíssima Trindade. 
Nossa Senhora ao centro, de olhos baixos, em cujo manto são assinalados os detalhes decorativos da fímbria, é ladeada à sua direita por Deus Pai e à sua esquerda pelo Filho. Ambos seguram a Coroa em sinal de imposição. Sobre a coroa emerge, envolta em luz, a pomba do Espírito Santos. 
Sob esta cena, e no exacto limite por ela definido, corre uma inscrição a que nos referiremos adiante. À esquerda, em painel distinto, será representado S. Paulo Apóstolo que, em posição 3/4 e espada sobre o ombro esquerdo, contempla a cena da Coroação. Na face nascente, dividida em dois painéis, no espaço vizinho ao painel de S. Paulo Apóstolo figura a iconografia de Santo Antão ou Santo António Abade visitando S. Paulo Eremita/A conversação dos dois eremitas. 
Santo Antão apoia-se no tau e segura a campainha, seus atributos, enquanto S. Paulo Eremita levanta o braço direito para segurar o pão que lhe traz o corvo, sublinhando esta acção ao apontá-lo com a mão esquerda. O painel lateral, o mais fragmentado de todos, permite observar o braço de uma cruz, com um braço preso, em diagonal, e uma figura nimbada com manto, indicando uma Crucificação. A figura nimbada representará S. João. Na face da cobertura permanecem vestígios de um céu estrelado O programa iconográfico, tendo embora por tema central a Coroação de Nossa Senhora, indicia a motivação eremítica do abrigo no que respeita à escolha da Conversação dos dois eremitas, uma das cenas do encontro entre os dois Santos. 
Cabe ainda notar que a representação da Crucificação, tema máximo do sacrifício de Cristo e da Redenção, deverá relacionar-se iconograficamente com o Fractio Panis, símbolo do Sacrifício da Missa. 
Como referimos acima, a cena da Coroação, representado na lapa Os Santos, é acompanhada de uma legenda, igualmente pintada, em caracteres que se reportam ao século XVI, embora possam corresponder a época ligeiramente anterior. Em 1947 Francisco Manuel Alves publicou uma primeira leitura desta inscrição: “Esta obra de Nossa Senhora da / Glória mandou propôr A(ntónio?) E(steves?) Juão. Era em Jesus de 1553. Pinilo”. 
Actualmente a inscrição encontra-se mais fragmentada do que na época. A danificação é mais radical no princípio e no fim da inscrição, onde há importantes zonas de descolamento do reboco, que tornam impossível a sua leitura. Apenas logramos ler algo tão fragmentado como: “[ES]TA // OBRA //DE //NOSO // SNRA //SA[…] […]RIA // MÃDOU // [FAZER] //[PEDRO] //[AFONSO]. 
A degradação da pintura de Os Santos tem-se acentuado tão velozmente nestes últimos anos que o seu registo, estudo, consolidação e conservação se tornam absolutamente indispensáveis. 
A excelência do local, a raridade de pintura temática religiosa em abrigo de rocha, bem como a sua importância para o estudo das atitudes devocionais, conferem a Os Santos uma qualidade que não podemos descuidar.

in:descobrirtrasosmontes.pt

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