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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Freixo de Espada à Cinta - Memórias Orais - Margarida Morgado

“A nossa vila era uma vila com muita falta de água E depois um senhor, Almirante Sarmento Rodrigues, é que nos meteu a água cá em Freixo. Deus queira que a alminha dele esteja em descanso pelo bem que fez à vila, se não fosse ele não tínhamos a fartura da água”.
Podia ter sido corista. Era na Igreja onde melhor se sentia a cantar. Depois de casar essa vida parou, diz. “Quando passava na Praça olhava prá Igreja, chegavam-me aquelas saudades porque já não podia ir. Tinha outra vida já não podia ir, e depois olhava prá Igreja até se me soltavam as lágrimas”. O peso da dificuldade dos tempos poucas vezes deixava chegar aos sonhos e os caminhos eram por onde se pudesse ganhar “algum” para pôr comida na mesa e ver os filhos criados. Eram estes os dias, aos quais a maioria não podia fugir.
Maria Morgado é dos tempos difíceis. De não existir água e ainda assim ter que fazer todas as lides da casa. “Naquele tempo de Inverno eram as geadas, a água gelava-se no ribeiro, tinha que a gente andar a bater pra desfazer o gelo, pra podermos lavar”. As dificuldades que lhe ficaram daquela época não deixam que se esqueça, nunca, do Senhor Almirante Sarmento Rodrigues como um grande benemérito “que trouxe a água para a sua terra”.
Hoje, aos 80 anos, as saudades de cantar são as mesmas e para que não esqueça vai dizendo umas recitas:

Meu pai, minha mãe 
eu já não sou pequenina 
vou à escola tão bem 
porque há lá muita menina
Vamos contentes
Vamos estudar 
Vamos à escola
A aprender a falar
Vamos que o dia
Nasceu mesmo agora
E pra lá chegar
É mais de uma hora

Diz com algum aperto que “antigamente não havia nada e hoje há tudo”. As distrações do trabalho eram livres, sem amarras. “Subíamos à torre, sem medo e eram assim as nossas brincadeiras”. Hoje vê que as mocidades são diferentes. Mas da sua nunca se esqueceu e diz que sempre que “o coração lhe puxar” irá continuar a cantar.

(abril de 2015)

Joana Vargas

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