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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

A Vida do Campo em Miniatura

Francisco do Vale Martins, tem 74 anos de idade, nasceu em Carção, mas foi criado em Vila Nova. Foi soldado, cabo e sargento da guarda fiscal e após a reforma foi, durante 7 anos, taxista na cidade de Bragança.
O Tio Martins tem ainda um passatempo de campeão no jogo do fito. Tem dezenas e dezenas de taças expostas em sua casa, que representam os prémios conquistados desde 1975.
Há 20 anos, em 1996, o Tio Martins ambicionava ir a Expo 98 para mostrar a vida do campo. Começou então a construir peças em miniatura que reproduzem os cenários encontrados no campo, tudo pacientemente esculpido em madeira. As madeiras usadas são maioritariamente o freixo – que por ser a mais dura é também a mais difícil de manobrar –, o carrasco, o negrilho e o carvalho. Acabou por não ir à Expo 98 pois era uma exigência pagar o assento e comercializar as peças. O Tio Martins diz-nos, com orgulho genuíno, que não há dinheiro que pague aquilo que ele, com empenho, construiu ao longo dos anos.
Os detalhes são de uma precisão incrível e é unicamente com a sua faca e formão que o Tio Martins transforma os blocos de madeira em verdadeiras obras de arte não havendo lugar para colas e outras artificialidades!
O que começou por ser um passatempo é agora uma paixão na vida do Tio Martins, que faz tudo inspirado na salutar vida do campo.
A sua colecção conta com inúmeras peças. Tem um carro de bois com todos os utensílios, desde as caniças aos estadulhos, trilhos, etc. que demorou 400 horas a ser completado.
A chega de touros que tantos seguidores têm na nossa região também está retratadanos seus trabalhos
Tem animais – galinhas, porcos e os repectitivos leitões, bois, burritos... Tem moínhos, tem pombais, lagares numa inigualável colecção que guarda com orgulho nos seus aposentos.
A peça que classificamos como a cereja no topo do bolo é aquela que mais tempo demorou a fazer:
A capela de São Jorge, em Vila Nova (Bragança) que contou com 680 horas de dedicação ao longo de 5 anos. Só visto! O pormenor, o muito que deu de si transbordam em cada relevo, em cada curva daquela tão impressionante obra de arte!
Qualquer trabalho que o Tio Martins faz demora no mínimo 20-30 horas. O primeiro trabalho que ele fez foi um burrico e uma pessoa que representou o sogro e o seu animal. Conta-nos que o fez para o homenagear o sogro que “andava muitas vezes d’a cavalo”.
O Tio Martins não comercializa a sua colecção pois reconhece-lhe um valor que não pode ser pago com dinheiro mas com admiração! Recentemente esse valor foi-lhe reconhecido pois foi convidado para expor o seu espólio no museu da mascara no castelo em Bragança. O trabalho do Tio Martins é realmente muito bem feito e exige muitas horas e muita concentração, empenho e dedicação. Talvez a autarquia possa encontrar uma forma de perpetuar a obra e arte do Tio Martins – que representa nada mais nada menos que o modo de vida dos nossos antepassados – num local onde a nossa história possa ser contada vezes sem conta às gerações vindouras ao longo dos anos.

in:jornalnordeste.com

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