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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Memórais Orais: Querima Cumbá

Chama-se Augusto mas o seu nome é Querima Cumbá. Este não podia ser. Disseram-lhe quando veio para Portugal que tinha que ter nome português.
Ele escolheu o do primo e o seu, que o acompanhava desde o seu nascimento ficou na Guiné. 
Quando o patrão o trouxe para Portugal, Querima não teve oportunidade de ir ao Registo Civil e por isso não sabe ao certo quantos anos tem. Setenta e cinco, é a idade que tem no bilhete de identidade.
Diz quem o conhece que nunca houve em Freixo quem conhecesse e trabalhasse as terras como ele. “Eu conhece terra de Freixo como conhece palma da minha mão”. 
Foi lavrador toda a vida até que a trombose o incapacitou de continuar a ser o que sempre foi. Há 25 anos que está no Lar da Misericórdia em Freixo.
A cor da pele nunca foi um problema, diz, e ele, apesar do nome que nunca foi o seu, nunca fez questão de esconder a sua verdadeira identidade.
“Dão-se todos comigo, aqui no concelho de Freixo não tenho queixa de nenhum, era o único que estava cá, o primeiro a chegar cá fui eu, e não tinha problema nenhum, podia ir à casa daquele, “oh Augusto quer comer, se tem fome” mas eu não tinha fome nenhum, eu trabalhava bem, ninguém me torcia o braço a trabalhar”. 
As queixas só para o patrão, “um sacana”, desabafa. Nunca o visitou e o estatuto de “rico” nunca foi suficiente para que alguma ajuda chegasse às mãos de Querima. 
A vida, apesar de ingrata, foi andando. Querima casou e teve um filho, e outro que aperfilhou como tal quando este tinha cinco anos, “o seu Tiago”. 
Era ao pé dos filhos e da mulher que gostava de estar mas a dependência não permite. 
De perto vai vendo que a família está bem e isso vai chegando para se tranquilizar.

Texto: Joana Vargas



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