Nasceu em Soutelo da Gamoeda, freguesia da Carragosa, concelho de Bragança, a 16 de Janeiro de 1856 e faleceu nesta cidade a 13 de Junho de 1898; filho de Domingos António de Morais, natural de Quintela, concelho de Vinhais, e de D. Regina Gonçalves, natural de Soutelo da Gamoeda; sobrinho do padre Francisco Gonçalves, nascido nesta última povoação a 27 de Julho de 1819 e falecido a 25 de Março de 1906, e irmão do capelão militar João Evangelista de Morais, nascido em Soutelo da Gamoeda a 20 de Dezembro de 1851, ainda felizmente vivo (Setembro de 1929), e de D.Maria Eugénia de Morais, esposa de António Paulo Gil de Figueiredo Carmona, falecido na quinta da Rica Fé, freguesia de Santa Maria de Bragança, a 7 de Abril de 1881.
Ordenou-se de presbítero em 1879, indo depois seguir na Universidade de Coimbra o curso de direito, que concluiu em 1885. Veio a seguir exercer a advocacia em Bragança, onde em breve se tornou notável pela sua muita argúcia, penetração e vastos conhecimentos.
Em 7 de Janeiro de 1889 foi nomeado professor de ciências eclesiásticas e filosofia aquinatense no Seminário Diocesano, cadeiras que regia ainda quando faleceu com inexcedível competência, proveito e estima dos seus discípulos, que o adoravam pela sua extrema bondade e integridade de carácter.
Correm dele impressos uma longa série de artigos publicados em O Nordeste de 11 de Fevereiro de 1896 e seguintes, debaixo da epígrafe «Uma lamentável crítica», que, conquanto não venham assinados, é bem sabido que Francisco de Morais foi o seu autor. São cheios de fina crítica filosófica e muita erudição, motivados por umas observações que o distinto escritor Fernando de Sousa, tenente-coronel de engenharia, fez no Correio Nacional a propósito do discurso do doutor António Cândido em homenagem ao grande poeta João de Deus.
No folheto intitulado Liceu Nacional de Bragança – Relatório do ano lectivo de 1896 a 1897, precedido do discurso de abertura solene das aulas (Bragança, tip. Brigantina, Praça da Sé, 1897. 8.º de 16 págs. com dois mapas), é de Francisco de Morais esse discurso, que alcança até pág. 11. Era então reitor do liceu.
Também no Norte Transmontano de 4 de Abril e seguintes (1895) foi publicada a sua «Oração de Sapiência», discurso pronunciado na abertura solene das aulas do Seminário de Bragança no princípio desse ano lectivo.
A propósito da sua morte lemos no Boletim Diocesano de Bragança, 1898, nº6: «É com profunda magua que o Boletim Diocesano regista o fallecimento do M. Rev. Dr. Francisco Manuel de Morais. A sua morte representa uma perda sob muitos pontos de vista, que não só para os seus amigos.
Foi sacerdote digno e virtuoso, e no Seminário, onde ensinou sciencias ecclesiasticas e philosophia aquinatense, revelou grande engenho e talento, que viriam a fazer d’elle um professor eximio se a sua vida se prolongasse.
Foi tambem advogado distincto muito argucioso, de cujos trabalhos teve de retirar-se por causa da sua doença; e ultimamente era reitor do Liceu Nacional d’esta cidade. Caracter bondoso, caritativo e sobretudo um amigo dedicado e sempre prestadio. Deixou por tudo isto saudosa memória ».
Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança
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