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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Souto Moura “encantado e comovido” com homenagem em Bragança

O vencedor do Prémio Pritzker foi surpreendido pela “maneira afável e carinhosa” como foi tratado durante a sua breve estadia na capital do nordeste, onde foi homenageado por ocasião do Plast&Cine 2017.
Depois de, em 2015, na primeira edição do Plast&Cine, a autarquia ter decidido prestar tributo à artista transmontana, a pintora Graça Morais, na segunda edição, o eleito foi um dos mais prestigiados arquitetos portugueses de renome mundial, o responsável pelo Centro de Arte Contemporânea Graça Morais e, mais recentemente, pelo Centro de Interpretação da Cultura Sefardita do Nordeste Transmontano.

O centro histórico, mais precisamente a Praça Camões e a Praça da Sé, foram dois dos cenários escolhidos para a sessão de abertura do Plast&Cine 2017, que teve início pelas 14h30, a 21 de abril, e onde decorreram vários momentos dedicados a Eduardo Souto de Moura e que o próprio descreveria mais tarde como “emotivos” e “comoventes”. Entre os quais, o envolvimento dos utentes da Santa Casa da Misericórdia de Bragança e dos alunos de várias escolas da cidade na recriação de uma das obras mais emblemáticas da sua autoria, o Estádio Municipal de Braga, mais comummente designada por “A Pedreira”, naquele que foi, definitivamente, o ponto alto do rol de homenagens e que abriu da melhor forma a tarde de sexta-feira. Seguiu-se uma breve visita a quase uma dezena de projetos espalhados pelo centro, pequenos em tamanho, mas carregados de simbolismo, concebidos por artistas e arquitetos locais e cujos traços remetiam para a vida e obra do laureado.

“A evocação das obras, neste caso as minhas, para mim é um reconhecimento e fico muito sensibilizado”, começou por declarar Souto Moura à Comunicação Social, para quem, a arquitetura, hoje em dia, “não é muito bem tratada”. “Tem que ser dito. Portanto, isto é um consolo ver tanta gente tão simpática e agradável a falar comigo e a cumprimentar-me”, confessou o homenageado.  

“Houve um exercício de uma escola em Braga em que os alunos fizeram todos desenhos sobre o estádio, após estar terminado. Se a obra não tinha acabado ali, quer dizer que continuou na memória das pessoas. Quando uma obra faz parte da memória coletiva, é uma honra para o arquiteto”, referiu, recordando o passado e traçando uma analogia com o presente disse: “e é ao que eu estou a assistir aqui. Não só essa memória física dos edifícios, mas também levo na memória a maneira afável e carinhosa como estou a ser tratado, que é uma coisa que eu não esperava”.

Recorde-se que o arquiteto portuense foi a mente criativa por detrás do Centro de Arte Contemporânea Graça Morais e, mais recentemente, pelo Centro de Interpretação da Cultura Sefardita do Nordeste Transmontano.  

“Quando o trabalho sai do individual para o coletivo e é reconhecido, é o princípio do património, é quando o coletivo adere, e isso é a coisa mais maravilhosa para um arquiteto. E está a acontecer aqui. Portanto, estou encantado e comovido”, Souto Moura in Plast&Cine 2017.

Outro dos seus feitos, a par com o seu colega e amigo, Siza Vieira, foi a conquista, em 2011, do tão cobiçado Prémio Pritzker, tido como o mais importante galardão internacional na área da arquitetura, seguindo-se, em 2012, o Prémio Wolf para as Artes, atribuído, rotativamente, entre a arquitetura, a música, a pintura e a escultura pela fundação israelita com o mesmo nome. São laureados “cientistas ou artistas por contributos excecionais para a Humanidade e para as relações amigáveis entre os povos, independentemente da raça, cor, religião, sexo ou ideologia política”, sendo que, na altura, o júri terá justificado a atribuição do prémio com os contributos do arquiteto “para o ofício e as ideias da arquitetura”.

Habituado já à presença de Souto Moura por terras do Nordeste Transmontano, o presidente da Câmara Municipal de Bragança fundamentou o porquê da escolha do célebre arquiteto para personalidade a ser homenageada na segunda edição do Plast&Cine. “Foi com a obra de Bragança, o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, que ganhou o Prémio Pritzker e, portanto, seria de todo justo que pudéssemos promover esta homenagem reconhecendo o mérito e o valor deste grande arquiteto que é o Eduardo Souto Moura”, evidenciou Hernâni Dias, sublinhando a “homenagem singela, mas muito sentida” prestada não só pelo município, mas, também, pela comunidade brigantina.

O grande ausente foi mesmo Siza Vieira, que iria estar à conversa, moderada pela jornalista Ana Sousa Dias, com o seu colega e amigo de longa data, o arquiteto Souto Moura. “O Siza teve um problema familiar e não pode vir. Foi ontem à noite a minha casa e pede desculpa”, explicou a figura em destaque do Plast&Cine 2017, já com mais de 30 anos de carreira e para quem “a arquitetura não é uma arte”, mas antes a “resolução de problemas”.

Bruno Mateus Filena
in:diariodetrasosmontes.com

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