Ontem em Bragança, assinalou-se a passagem dos 100 anos da Batalha de La Lys, na Primeira Guerra Mundial.
No Arquivo Distrital de Bragança, a efeméride foi assinalada com a inauguração de uma exposição fotográfica e documental comemorativa do centenário da Grande Guerra, entre 1914-1918. A mostra, que está patente até 27 de Abril, é uma iniciativa do Arquivo e da Academia de Letras de Trás-os-Montes e que torna possível apreciar-se um conjunto de fotografias do fotojornalista português Joshua Benoliel, do Ministério da Guerra Francês, entre outras proveniências, que retratam o conflito, contando ainda com livros e documentos do mesmo período, como jornais locais da época ou passaportes. Segundo a directora do Arquivo Distrital de Bragança, Élia Correia, existe naquele espaço muita documentação sobre os soldados que partiram para a Flandres para lutar na 1.ª Guerra Mundial.
“Temos documentação do governo civil e como era tudo fiscalizado, como a correspondência trocada entre o Ministério da Guerra e o distrito de Bragança. Existe documentação que menciona as epidemias, o cuidado a ter por causa para não se alastrarem, a forma como eram recrutados os homens para a guerra, até a forma de viajarem, e o próprio passaporte. No entanto, alguns soldados embora passasse toda a correspondência pelo governo civil iam através de Lisboa ou do Porto também. Aqui no distrito foram cerca de 500 soldados, ainda não está bem o estudo concluído e que a maioria faleceu ou ficaram em França e outros regressaram”, contou Élia Correia.
Segundo Adília Fernandes, investigadora e membro do Centro de Investigação Transdisciplinar: Cultura, Espaço, Memória – da Universidade do Porto, que organizou a exposição, não se sabe quantos soldados partiram da região para combater no primeiro conflito à escala mundial.
“Acho que se sabe pouco, sobretudo desconhecem-se os números tão elevados dos que partiram, dos que morreram, dos que ficaram prisioneiros e dos que desapareceram. Pode significar que podem ter morrido e são números que chocam. O número pode ser muito significativo. Têm sido feitos estudos locais e eu estou a trabalhar os combatentes do concelho de Torre de Moncorvo. Um trabalho que comecei em 2012 e ainda não tenho um número definitivo, mas são cerca de 250” informou Adília Fernandes.
Também o Núcleo de Bragança da Liga dos Combatentes não quis deixar passar em Branco a data, e prestou ontem homenagem aos mortos da Grande Guerra e da batalha de La Lys, com a deposição de uma coroa de flores junto do monumento aos Combatentes da Grande Guerra, no Principal, em Bragança como explicou o presidente do núcleo de Bragança da Liga dos Combatentes, José Fernandes:
“Fizemos uma simples homenagem para recordar os milhares de portugueses que morreram na Batalha de La Lys” contou José Fernandes.
A memória dos que faleceram numa das batalhas mais mortíferas de sempre em que o exército português participou a ser recordada ontem em Bragança, 100 anos depois.
Escrito por Brigantia
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