O número de cabras e ovelhas está em decréscimo no distrito. Em seis anos perderam-se quase 19 mil pequenos ruminantes na região. A baixa rentabilidade, tratar-se de um trabalho duro, a idade avançada da maioria dos pastores e a falta de jovens interessados são alguns dos problemas do sector.
Em 2018, no distrito de Bragança, contaram-se quase 14 mil ovinos a menos, comparativamente a 2012. O decréscimo também se registou nos caprinos sendo que, em 2018, havia quase cinco mil a menos. Estes dados, que são registos de declarações, efectuados no Sistema Nacional de Informação e Registo Animal, revelam que tem havido um relativo decréscimo e, para alguns produtores do concelho, a situação deve-se, sobretudo, à falta de apoios e à fraca rentabilidade. “Já tive mais mas agora cada vez menos porque as ajudas também são poucas. Aos agricultores tiram-lhe cada vez mais ajudas”, contou Manuela Alves, de Conlelas, no concelho de Bragança, pastora há 30 anos. “A principal dificuldade é arranjar comida para dar aos animais. Dá para sobreviver”, disse Alfredo Fernandes, também do concelho brigantino. Natural da aldeia de Formil, tem um rebanho de 500 cabeças de raça churra galega bragançana. “Os brincos são caros. É tudo caro. É preciso pagar um balúrdio. As vacinas, as vistorias... temos que pagar tudo e é muita despesa. Não dá já muito lucro”, explicou Rosa Afonso, de 82 anos, pastora no Parâmio, em Bragança, há 20 anos. “Isto não compensa mas não há mais nada. Há 20 anos o cordeiro era ao mesmo preço que hoje mas o gasóleo, os adubos e as farinhas triplicaram. A lã vendia-se e agora ninguém a quer. Os cordeiros já só se vendem bem no Natal e em Agosto”, referiu Humberto Figueiredo, de 47 anos, pastor no Zeive, no concelho de Bragança.
Apesar dos dados, Carla Alves, directora regional de Agricultura e Pescas do Norte, defende que o decréscimo está relacionado com o envelhecimento da população e com o facto de não se conseguirem atrair jovens para o sector. “A população tende um pouco a estabilizar e tem a ver com os apoios que são dados porque neste quadro comunitário os apoios têm-se mantido. É óbvio que há sempre algum decréscimo devido a factores como o envelhecimento da população e de ser difícil captar jovens para este actividade”.
A secretária técnica da Associação Nacional de Raça Churra Galega Mirandesa, Andrea Cortinhas alega que a burocracia que há no sector o prejudica. “Nós temos que apoiar muito o sector da pecuária. A burocracia cada vez é maior. Estamos inseridos na União Europeia e as regras aplicam-se de uma forma geral e é muito complicado, de vez em quando, conseguir conciliar tudo: a idade, a burocracia”.
O presidente da Associação Nacional de Caprinicultores da Raça Serrana, Arménio Vaz, garante que esta raça se tem conseguido manter mas afirma que os jovens não se interessam pela actividade. “Não tem havido grande renovação porque o maneio deste efectivo ainda é feito à moda antiga e, por isso, esta rapaziada nova, como é uma actividade muito difícil, não a abraça”.
Já o secretário técnico da Associação Nacional dos Criadores da Raça Churra Galega Bragançana, Amândio Carloto, considera que as medidas agro-ambientais têm um papel fundamental para a manutenção e crescimento do efectivo. “O último ano em que houve novos contratos nas medidas agro-ambientais foi em 2015. Jovens que adquiriram rebanhos só na parte final do ano não puderam concorrer em 2015. Investiram nos animais com a expectativa de fazer a candidatura em 2016 e já não o puderam fazer”.
O decréscimo também é visível no numero de explorações. De 2012 até hoje, perderam-se 44 explorações de ovinos e 249 de caprinos.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves, Olga Telo Cordeiro e Maria João Canadas
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