Os cuidados são maiores para que a doença não chegue até porque a população é maioritariamente idosa, mas as pessoas continuam a realizar os trabalhos agrícolas.
Lurdes Ermida, de 72 anos mora em Paradinha Nova, no concelho de Bragança, com o marido de 81. Garante que tem cuidado e evita o contacto com os vizinhos e até com os familiares, mas não deixa de ir para o campo. “Aqui na aldeia fazemos a vida normal, vamos aos olivais, à vinha, mas ando só eu e o meu marido, não nos juntamos com mais ninguém”, conta, dizendo que tem algum receio, porque “na aldeia só há pessoas de idade e se cai aqui é uma razia”. Apesar de alguma normalidade, lamenta as mudanças. “A filha, o genro e os netos que estão em Bragança vinham cá todas as semanas, almoçar connosco e agora isso acabou, até parece que estamos num país estrangeiro e não sabemos falar a língua nem nos juntamos com ninguém”, afirma. Lurdes Ermida preveniu-se atempadamente com bens essenciais e evita mesmo de sair da aldeia. “Abasteci-me de comida e medicamentos, quando isto começou, e não saímos para lado nenhum. Vêm aqui vender carne e pão, mas pomos um saco o portão e o dinheiro e deixam ficar as coisas”, relatou. Já Isabel Santos de 76 anos, que mora perto de Torre de Dona Chama, evita mesmo sair de casa, a não ser para o quintal. Tem recursos em casa e nem precisa de recorrer ao padeiro. “Praticamente, não saio, a não ser para o quintal aqui à volta de casa. Tenho alimentos, tudo o que é preciso, e o pão cozo em casa. Acho que podia estar 5 meses em casa sem ter de sair”, afirma. Quando precisa pagar contas recorre à ajuda de um familiar mais novo. Arminda Machado mora na Quinta da Seara, às portas de Bragança, mas há várias de semanas que não vai à cidade, comprou o que precisava. Cuida também da horta e dos animais, que acaba por ser uma forma de passar o tempo. “Tenho frangos, galinhas, pombos e trabalho a horta, vou-me entretendo. Há sempre o que fazer, quando me aborreço faço renda e ligo aos amigos”, conta.
A preocupação da proximidade de casos levou-a mesmo a reforçar as precauções. “Evito mesmo sair de casa, ainda ia ver uma cunhada minha, mas depois de ter havido um caso confirmado de uma pessoa que tem aqui casa e vinha cá algumas vezes nunca mais saí, uma pessoa fica com mais receio”, explicou. As rotinas nas aldeias prosseguem mas agora com algumas interrupções.
Jornalista: Olga Telo Cordeiro
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