Por: Maria da Conceição Marques
(colaboradora do "Memórias...e outras coisas...")
Mordo o chão florido, como quem beija a amizade e a paz, e a terra transforma-se em pele macia, em olhos misteriosos, em palavras inconscientes.
Salta pelas janelas a voz das balas, e a fúria agita-se nos vidros estilhaçados, nas mentiras inventadas, nas histórias mal contadas.
Abrem-se alicerces de tristeza nas casas onde habitava a harmonia.
Rasgam-se portas de saída na fragilidade dos muros e nas vigas em derrocada.
A casa agora nua chora, enquanto os olhos e os braços penetram nas ameias dos castelos de fantasia.
Pelo portão inacessível, voam negros corvos com asas luminosas para sair da noite e chegar à madrugada.
As balas continuam a cair em céu descoberto.
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