É fruto de um investimento de 2,5 milhões de euros, financiado a 85 por cento pelo Programa Comunitário “Norte 2020” e os restantes 15% da autarquia que foi a dona da obra depois de, em 2019, ter assinado com a Infraestruturas de Portugal um contrato de comodato que garante o usufruto de edifícios e terrenos ao município por um período de 50 anos.
A placa foi descerrada pela autarca mirandelense, Júlia Rodrigues, e por vários antigos ferroviários que trabalharam naquela estação.
A presidente do Município entende que "o peso histórico que a estação transmite aos mirandelenses, não podia ficar votada ao abandono", pelo que entende que "esta era uma obra prioritária" para o executivo que lidera desde 2017. "Todos trabalharam muito para se chegar ao dia de hoje e estarmos muito satisfeitos com o resultado final", diz.
A centenária estação da CP de Mirandela está agora de cara levada o que deixou emocionados alguns dos antigos ferroviários que ali trabalharam. "Adorei ver isto assim, ficou muito contente", confessa" Manuel Batista, agora com 87 anos, que vendia os bilhetes naquela estação. "Gostei mesmo muito, só foi pena deixarem destruir tanto esta estação", conta Aníbal Rodrigues que trabalhou durante 41 anos nas oficinas da estação.
A ideia de reabilitar o edifício e transformá-lo numa casa de artes e cultura, recebeu elogios do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN). "É absolutamente importante, e nota-se com a população que está presente, e a reabilitação foi financiada pelo Norte 2020 com quase 2 milhões de euros, que deu uma nova vida a este espaço que vai ter múltiplas funções no domínio da arte da cultura", refere António Cunha.
A inauguração das obras de requalificação da antiga estação ferroviária de Mirandela ficou marcada também pela abertura da exposição "Com a Casa às Costas" com obras da Coleção de Serralves e do Fundo Documental da Estação de Mirandela, bem como a abertura do Palavrarte, o Festival Literário de Arte e Letras, que decorre até ao próximo domingo.
Entretanto, a presidente do Município de Mirandela ressalva que a estação renovada, para além de ser transformada em casa das artes e cultura, também está preparada para servir a mobilidade ferroviária. "Continuamos focados no plano de mobilidade", adianta, esperando agora que a requalificação possa ser mais "um motivo válido para a reabertura da Linha do Tua e a execução do seu plano de mobilidade", a principal contrapartida da construção da barragem de Foz-Tua, que continua por cumprir, desde 2017.
"Há aqui um claro incumprimento e espero que esta inauguração pode e deve servir de pressão para que o Governo possa ter a vontade de resolver este problema", diz.
Mas, se ainda existe um otimismo moderado de Júlia Rodrigues para o regresso do comboio aos carris da linha do Tua, o mesmo já não acontece com os antigos ferroviários. "Não acredito, porque os nossos governantes não querem. Antigamente, a pá e pico ainda se fez tudo, hoje com o maquinismo não, porque os nossos governantes só querem os votos dos transmontanos, mais nada", afirma Aníbal Rodrigues. Já Manuel Batista confessa: não queria morrer sem ver o comboio transitar, mas não deve ser possível acontecer", lamenta.
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