Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Às vezes, quando a casa me pesa mais, vens tu minha Eugénia, minha menina, minha mãe.
Então, novamente, como se fosse dia de Nossa Senhora das Graças, acendemos o forno e fazemos as nossas súplicas dos dias nomeados.
… e suplicamos para que termine a tarefa de bater seis ovos com meio quilo de açúcar durante meia hora.
- Já estás cansado, meu filho?! Não, Eugénia, só me canso da tua longa ausência! Para onde foste? O forno já está quente… e já bati os ovos com o açúcar durante horas infindas… de súplicas… de lágrimas… desgostos… tantos!
- Agora junta meio quilo de farinha, meu filho e volta a bater bem a massa! Mete no forno… o nosso forno é tão bom para doces!
- Já está minha mãe… hoje, espero quinze minutos, com o forno a 180 graus e tiro as súplicas!
… iguaizinhas às tuas, Eugénia! E os nossos avós judeus tão perto!
… pronto!… não sabem tão bem como as tuas… porque falta o teu jeito... a tua mão... porque tu foste há tanto tempo à nossa horta que temos no céu… e ainda não voltaste!
… suplico por ti… Eugénia… com as nossas súplicas… desgostos… e cansaços… tantos!
… não me tardes!
Então, novamente, como se fosse dia de Nossa Senhora das Graças, acendemos o forno e fazemos as nossas súplicas dos dias nomeados.
… e suplicamos para que termine a tarefa de bater seis ovos com meio quilo de açúcar durante meia hora.
- Já estás cansado, meu filho?! Não, Eugénia, só me canso da tua longa ausência! Para onde foste? O forno já está quente… e já bati os ovos com o açúcar durante horas infindas… de súplicas… de lágrimas… desgostos… tantos!
- Agora junta meio quilo de farinha, meu filho e volta a bater bem a massa! Mete no forno… o nosso forno é tão bom para doces!
- Já está minha mãe… hoje, espero quinze minutos, com o forno a 180 graus e tiro as súplicas!
… iguaizinhas às tuas, Eugénia! E os nossos avós judeus tão perto!
… pronto!… não sabem tão bem como as tuas… porque falta o teu jeito... a tua mão... porque tu foste há tanto tempo à nossa horta que temos no céu… e ainda não voltaste!
… suplico por ti… Eugénia… com as nossas súplicas… desgostos… e cansaços… tantos!
… não me tardes!
Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
Sem comentários:
Enviar um comentário