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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 16 de junho de 2023

A ARTE DA NAVALHA

 A arte pastoril, expressão grande da arte popular, é o transporte em que embarcamos para esta viagem. Constituída por objetos do quotidiano, feitos e decorados pelos pastores, nas horas vagas do pastoreio. Preenche-se a solidão. “Quem não tem que fazer, faz colheres”! Num tempo lento, sem as pressas e as tensões urbanas, o fio da navalha vai dando forma e materialidade ao objeto. Concebe-o o pensamento tanto quanto o coração! Faz-se uso dos materiais que estão à mão, aguça-se o engenho e o espírito. Miniaturas, brinquedos, instrumentos musicais, artefactos de uso doméstico, ofertas para o patrão ou para a patroa, para a “conversada” ou “prometida”, associam função, criatividade e propósito, síntese entre artesão, artista e poeta. Porque muitos destes objetos contêm na sua aparente simplicidade, uma componente formal e técnica e uma riqueza estética e simbólica surpreendentes.


A propósito do lançamento do livro O Criado do Pastor, no Museu do Abade de Baçal, percorremos a Coleção de Etnografia, selecionámos um conjunto de objetos: rocas, fusos, canhões de fazer meias e flautas, executadas em madeira pelos pastores da região de Miranda do Douro, nos finais do século XIX / 1º metade do século XX.

Profusamente ornamentados, numa combinação de composições geometrizadas, vegetalistas, figuras humanas, animais … incisos e, em alguns casos, incrustados, vão-lhe preenchendo o corpo. O cabo, no caso da roca. Rapazes e raparigas, cavaleiros de espada erguida, cruzes e corações frechados, misturam-se com pavões, galos, pombas, raposas, lobos, serpentes, lagartos, ramos, espigas, flores, candelabros. No topo, dando continuidade ao roquil (que prende a lã para ser fiada) ergue-se a torre rendilhada de janelas e arcadas como um altivo castelo ou catedral! Um universo de símbolos arreigados à vida.

Carregam na sua historicidade (ou na sua fantasia), a narrativa de um quotidiano milenar que olhamos nesta perspetiva de proximidade, também de registo e permanência no imaginário de quem não fruiu a experiência na primeira pessoa.

Georgina Pinto Pessoa

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