Nos dias 9, 10 e 11 de junho, a aldeia de Atenor voltou a ser o destino de milhares de pessoas, que quiseram participar na XI Ronda das Adegas, um evento cultural que mostra as potencialidades do mundo rural, como os produtos da terra e a gastronomia, os antigos ofícios e os animais, os jogos tradicionais, a música, os concertos e até o teatro de rua, que este ano encerrou a festa.
“A chuva da semana passada dissuadiu muitas pessoas de participar no evento deste ano e por isso não atingimos o objetivo dos cinco mil visitantes, mas mesmo assim ficamos muito próximos desse número, já que registamos 4500 entradas”, disse.
O teatro “Pranto de Maria Parda” foi uma das novidades do evento, o que segundo Vitor Rodrigues faz parte da estratégia da organização de acrescentar qualidade à festa, de ano para ano.
Segundo o dirigente associativo, a Ronda das Adegas, em Atenor, também tem o propósito de alertar a opinião pública, e em particular, o governo, para o preocupante despovoamento das zonas rurais.
Este ano, a XI edição contou com a visita do vice-presidente do Turismo do Porto e Norte, Inácio Ribeiro, que nesta sua estadia em Atenor, disse que este evento é um modo criativo de respeitar, cultivar e manter as tradições rurais.
“Em Atenor, com a realização da Ronda das Adegas transmitem-se tradições como a musica tradicional, mas também o saber fazer dos antigos ofícios, que constituem uma herança cultural que importa preservar”, destacou.
Sobre a peça de teatro que encerrou o evento deste ano, Inácio Ribeiro acrescentou que o teatro permite representar e ironizar sobre a vida passada e presente.
Quanto à peculiaridade e ao sucesso da Ronda das Adegas, o vice-presidente do Turismo Porto e Norte explicou que o que torna os territórios atrativos são as suas gentes.
“É a dimensão humana que dá história, memória e identidade aos territórios. A Terra de Miranda e em particular, a aldeia de Atenor, não obstante o gravíssimo problema do despovoamento, tem muita alma. E são os eventos culturais, como a Ronda das Adegas, que despertam o interesse do público e constituem uma das estratégias que mais pode ajudar estes territórios”, disse.
De acordo com o responsável pelo turismo, a Ronda das Adegas tem potencial para crescer em Portugal e no estrangeiro e atrair turistas que permaneçam na região para além do fim-de-semana.
Este ano, o evento encerrou com um teatro de rua, no qual a companhia Filandorra – Teatro do Nordeste representou a peça “Pranto de Maria Parda”, de Gil Vicente. Na perspectiva de Inácio Ribeiro, o teatro de rua é uma boa aposta, dado que esta arte envolve e apela à participação do público.
“O teatro de rua consegue pôr o público a participar, seja a dançar, a cantar ou a representar. O público torna-se também um ator ativo e não apenas um observador passivo que passa por Atenor!”, explicou.
Dada a entusiasta participação do público na peça “Maria Parda”, o vice-presidente do Porto e Norte sugeriu mesmo que a peça de teatro decorra ao longo dos vários dias do evento.
Por sua vez, o diretor Artístico da Filandorra – Teatro do Nordeste, David Carvalho explicou que a peça é um dos textos míticos de Gil Vicente, escrito durante dois anos de seca, o que levou à escassez de produtos alimentares, como o vinho.
“O vinho simboliza a alegria. E esta peça é a história de uma mulher que morre à sede de vinho, isto é, morre de tristeza”, explicou.
Ao longo da peça, a personagem principal, Maria Parda anda de adega em adega a pedir vinho (alegria), mas ninguém lhe dá. No final do enredo, metade das personagens são pessoas vindas do público, o que revela a mais valia da interatividade do teatro de rua.
A peça de teatro “Pranto de Maria Parda” na XI Ronda das Adegas fez parte do protocolo estabelecido entre a Filandorra e o Município de Miranda do Douro.
A “Ronda das Adegas” é um evento organizado pela Associação Cultural Desportiva de Atenor e que conta com os apoios do município de Miranda do Douro, da União de Freguesias de Sendim e Atenor e de várias empresas patrocinadoras.
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