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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 5 de julho de 2023

O Museu do Abade de Baçal e o seu Património nacional

 A exposição com 100 desenhos e 2 pinturas de Silva Porto é um dos motivos de interesse deste museu em Bragança.

“Silva Porto_100 desenhos e 2 pinturas”, no Museu Abade de Baçal - D.R.

O Ministério da Cultura, liderado por Pedro Adão e Silva, anunciou, por estes dias, a criação de um organismo para gerir Museus e Monumentos Nacionais, com o objetivo de tornar mais ágil e operacional o funcionamento quotidiano dos equipamentos, tutelados pela administração central.

A mudança é urgente e necessária, por isso elogiada à partida, considerando que todos conhecemos a burocracia e a falta de autonomia administrativa que dificulta o cumprimento da missão destes patrimónios que prestam serviço público e para todos os públicos.

Dos equipamentos, anteriormente dependentes da Direção Geral do Património Cultural (DGPC), decidiu-se excluir, passando estes, previsivelmente, para tutela municipal, no âmbito da delegação de competências em curso em várias áreas, o Museu D. Diogo de Sousa e Museu dos Biscainhos (Braga), o Museu das Terras de Miranda e a Sé de Miranda (Miranda do Douro), o Museu do Abade Baçal e a Domus Municipalis (Bragança).

Curiosamente, trata-se de equipamentos de municípios liderados por executivos PSD ou coligação PSD+CDS. Os ministérios da Cultura e da Coesão Territorial alegam que as coleções e o âmbito destes museus e monumentos são regionais ou locais, não se enquadrando no conceito criado para o racional da nova empresa.

Em minha opinião, tal assunção não corresponde à verdade, revelando desconhecimento do teor e riqueza destas coleções e da História dos monumentos, considerando ainda que havia outros a integrar a nova estrutura de gestão como, por exemplo, o Museu de Aveiro / Santa Joana.

Outro aspeto que merece reflexão é o facto de a região do interior transmontando ficar excluída do raio de ação cultural da tutela central, o que é sintomático de um pensamento centralista e de uma ausência de visão integrada do território que é Portugal.

Debrucemo-nos sobre o Museu do Abade Baçal, fundado em 1915, tendo tido como diretor, entre 1925 e 1935, o bragantino Abade de Baçal (1865-1947), reconhecido arqueólogo, historiador, etnógrafo e genealogista. Pela relevância do trabalho desenvolvido por este sacerdote, o museu ganha, em 1935, o seu nome, homenageando-o eternamente.

A diversidade das suas coleções inclui, por exemplo, a incorporação do legado de Guerra Junqueiro (1850-1923), também ele transmontano, natural de Freixo de Espada à Cinta, que inclui um vasto conjunto de mobiliário e pintura. Seguem-se os legados de Trindade Coelho (1861-1908) e de outros notáveis, devendo mencionar-se a coleção de numismática, constituída por duas mil moedas nacionais.

Focando-nos na pintura, merece referência o facto de se encontrarem representados todos os grandes artistas do Naturalismo português e, entre eles, Silva Porto (1850-1893), artista que ficou na História da Arte pelas suas cores vibrantes e generosas. E, sobretudo, por um percurso notável que incluiu uma vasta formação com passagens pela Escola Industrial, tendo depois ingressado na Academia Portuense de Belas Artes onde frequentou vários cursos e com classificações sempre de excelência: obteve 18 valores a Escultura e Pintura Histórica e 20 a Arquitetura.

Na exposição “Silva Porto_100 desenhos e 2 pinturas”, com curadoria do novo diretor deste museu, Jorge da Costa, apresenta-se, partindo da obra que integra a coleção do Abade de Baçal e de uma obra do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, em jeito de retrospetiva, desenhos que atestam a excelência e a qualidade de Silva Porto, artista que viajou e estudou em Paris, passou por Itália, deixando uma obra indelével no contexto da História da Arte nacional e internacional.

A amplitude das coleções, os factos que levaram à sua constituição e o trabalho sistematizado que tem sido feito para promoção das mesmas e sua valorização no contexto nacional e internacional, são sinais da sua relevância que em muito ultrapassa o local ou regional.

Interessa, a partir daqui perceber se há margem para uma reversão desta decisão e, sobretudo compreender que as autarquias nem sempre reúnem competências e orçamento para gerir equipamentos com esta relevância, devendo, primeiro, apresentar os seus planos municipais de cultura e reestruturar os seus quadros de recursos humanos, adequando-os, sob todos os níveis, aos desafios desta intenção de transferência de competências.

Helena Mendes Pereira

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