Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Um texto inspirado de Manuel Cardoso, na última edição deste nosso jornal fez-me regressar a um tema já aqui abordado: a passagem de um milénio sobre a chegada de Joana Ardzrouni a Castro de Avelãs, vinda do longínquo reino arménia da Vaspuracânia. O cronista de Macedo de Cavaleiros aventa a hipótese, bem plausível, de terem vindo, na bagagem da faustosa comitiva, algumas cepas que ainda hoje estariam a ser cultivadas nas encostas de Bragança. O enófilo confessa encontrar um certo sabor oriental no odor a framboesa detetado num copo de vinho, degustado com gosto e saber, numa esplanada do castelo de Bragança. Atrevo-me a sugerir que na refração luminosa de cor aberta do vinho, teria sido possível vislumbrar, no mesmo transporte secular, a expressão de Noé quando, igualmente se deliciou com o produto da vinha por si cuidada na base do bíblico monte Ararate em cujo pico repousava, segura, a Arca. Tais suposições e a justificada argumentação deveriam ser suficientes para alertar as autoridades locais para o potencial que encerram. Esperemos para ver…
Curiosamente, a propósito de Bragança e Macedo, há um episódio recorrente a que assisti, ao longo de alguns anos. Ouvi, muitas e diversas vezes, um queixume, em jeito de protesto, a responsáveis brigantinos, sobre o facto de que é no concelho de Bragança que a tradição de festividades com caretos é maior em expressão e quantidade. E, porém, os mais famosos são os de Podence! É verdade. O mérito é da autarquia macedense que soube identificar e dar o respetivo relevo a esta manifestação cultural. E, indo à frente, ganhou lugar, destaque e primazia. Tal como Colombo quando colocou um ovo de pé!
Para além das varas de videira, é igualmente plausível que tenha vindo com a princesa arménia alguns conceitos de arquitetura, quiçá, expressos nas estranhas capelas do mosteiro de Castro de Avelãs erguidas com tijolos de barro, por ser o material ali existente, mais parecido com a pedra pomes que serve de matéria prima aos vários templos orientais, de onde vinha, também com formas arredondadas e disposições muito semelhantes. Assim foi sugerido à Associação de Amizade Portugal Arménia que a adotou e se comprometeu a colocar nesta freguesia da capital do distrito, uma das várias estelas (khachkars), feitas, similarmente, da leve pedra vulcânica de fácil modelação… se, quer a Freguesia, quer a Câmara Municipal manifestarem o necessário consentimento e a receberem… o que ainda não aconteceu apesar da manifestação feita já há vários meses.
Pode, perfeitamente, ser possível que, cansada de esperar, a Associação de Amizade encontre, outra localidade, que igualmente justifique a deferência com que pretende honrar a ascendência oriental da nobre família dos Bragançãos de onde nasceram muitos dos valorosos cavaleiros que, um século mais tarde andaram por aí a “filhar Portugal”. Se assim acontecer, é bem provável que, igualmente, os responsáveis bragançanos venham, de novo, reclamar da injustiça de tal decisão pois, como é do conhecimento geral, devidamente comprovado e documentado, foi a Castro de Avelãs que aportou a matriarca da mais poderosa geração lusitana do início deste milénio.
Mas, sendo verdade, e apesar da imposição da memória histórica e do testemunho monumental, se nada for feito, nada acontecerá, só por si.
E, candeia que vai à frente… ou como se diz no chincalhão, a primeira vale um carro!
Curiosamente, a propósito de Bragança e Macedo, há um episódio recorrente a que assisti, ao longo de alguns anos. Ouvi, muitas e diversas vezes, um queixume, em jeito de protesto, a responsáveis brigantinos, sobre o facto de que é no concelho de Bragança que a tradição de festividades com caretos é maior em expressão e quantidade. E, porém, os mais famosos são os de Podence! É verdade. O mérito é da autarquia macedense que soube identificar e dar o respetivo relevo a esta manifestação cultural. E, indo à frente, ganhou lugar, destaque e primazia. Tal como Colombo quando colocou um ovo de pé!
Para além das varas de videira, é igualmente plausível que tenha vindo com a princesa arménia alguns conceitos de arquitetura, quiçá, expressos nas estranhas capelas do mosteiro de Castro de Avelãs erguidas com tijolos de barro, por ser o material ali existente, mais parecido com a pedra pomes que serve de matéria prima aos vários templos orientais, de onde vinha, também com formas arredondadas e disposições muito semelhantes. Assim foi sugerido à Associação de Amizade Portugal Arménia que a adotou e se comprometeu a colocar nesta freguesia da capital do distrito, uma das várias estelas (khachkars), feitas, similarmente, da leve pedra vulcânica de fácil modelação… se, quer a Freguesia, quer a Câmara Municipal manifestarem o necessário consentimento e a receberem… o que ainda não aconteceu apesar da manifestação feita já há vários meses.
Pode, perfeitamente, ser possível que, cansada de esperar, a Associação de Amizade encontre, outra localidade, que igualmente justifique a deferência com que pretende honrar a ascendência oriental da nobre família dos Bragançãos de onde nasceram muitos dos valorosos cavaleiros que, um século mais tarde andaram por aí a “filhar Portugal”. Se assim acontecer, é bem provável que, igualmente, os responsáveis bragançanos venham, de novo, reclamar da injustiça de tal decisão pois, como é do conhecimento geral, devidamente comprovado e documentado, foi a Castro de Avelãs que aportou a matriarca da mais poderosa geração lusitana do início deste milénio.
Mas, sendo verdade, e apesar da imposição da memória histórica e do testemunho monumental, se nada for feito, nada acontecerá, só por si.
E, candeia que vai à frente… ou como se diz no chincalhão, a primeira vale um carro!
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia), A Morte de Germano Trancoso (Romance) e Canto d'Encantos (Contos), tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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