A Infraestruturas de Portugal vai estudar a ligação de alta velocidade Porto – Vila Real – Bragança – Madrid. A IP foi indicada a realizar estudos necessários à tomada de decisão relativamente à ligação, no conselho de ministros, do início da semana.
Luís Almeida, presidente da Associação Vale D’Ouro, promotora de um estudo que prevê a viabilidade desta ligação, está satisfeito pelos avanços no processo, mas ao mesmo tempo está preocupado porque a versão do Governo não satisfaz a região.
“Por outro lado, a versão do Plano Ferroviário Nacional, segundo julgo saber, que ainda não estará publicado, é precisamente a mesma que o governo anterior deixou. No que diz respeito à pretensão da região de Trás-os-Montes para a linha de alta velocidade, a versão deixada pelo governo de António Costa é uma versão que não satisfaz Trás-os-Montes. Porque para haver uma linha que comece em Caíde, afasta a área metropolitana do Porto, um dos grandes nós do Norte e do Nordeste da Península Ibérica, de uma rede integrada de transportes com a Espanha. Já para não dizer que os tempos de viagem de um traçado começar em Caíde sobre a atual linha de ouro que está saturada também no troço suburbano, vão implicar que os tempos de viagem até Vila Real, Bragança e mesmo na ligação a Espanha, possam ser piores que as alternativas rodoviárias que existem”, explicou
A solução do Governo não evita constrangimentos ambientais na zona de Bragança e nem sequer contempla a ligação a Espanha. Para Luís Almeida é “impensável” voltar-se a fazer um investimento “megalómano” ou que seja apenas “uma linha regional de baixa velocidade”, porque o investimento feito é “demasiado avultado”.
O presidente da associação defende que este estudo devia ser conduzido pela região já que Lisboa não sabe o que aqui é preciso.
“Há avanços no governo, que agora sai, que eu realmente receio que possam não ser continuados porque a verdade é que todo este processo começou no outro governo e percebeu-se que aí não andou muito. Qualquer cenário de instabilidade torna sempre todas estas decisões muito difíceis. O facto de o governo entregar isto ao atual gestor de infraestrutura sempre nos preocupou. Nós sempre defendemos que devia ser a região liderar o processo. Seja através da CCDR Norte, seja através da CIM Douro, porque sempre sentimos, ao longo destes anos, que dá a sensação que Lisboa que sabe o que é que traz os montes quer. Ignoram, por exemplo, que o tráfego da A4 está a crescer, e está a crescer muito em termos de mercadorias. Portanto, há aqui um conjunto de indicadores que pelos vistos são ignorados e que fazem, logo à partida, deitar abaixo esta solução”, rematou.
O Governo mandatou a Infraestruturas de Portugal para que promova a realização dos estudos necessários à tomada de decisão relativamente à ligação ferroviária de alta velocidade.
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