quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Tomás Augusto Salgueiro Fragoso

Nasceu a 20 de Outubro de 1891 em Santa Maria dos Anjos, concelho de Valença do Minho; filho de José Francisco de Almeida Fragoso e de D. Rosa de São José Salgueiro Fragoso. 
Capitão de cavalaria, governador civil de Bragança, cargo de que tomou posse a 17 de Junho de 1926. Fez o curso liceal no antigo Real Colégio Militar, o de matemática na Universidade de Coimbra e o da arma de cavalaria, que concluiu em 1913, na Escola do Exército.
Colaborou na Voz Pública sobre assuntos da sua especialidade.

De A Voz, jornal de Lisboa, de 29 de Maio de 1928, recortámos o que segue:
«Ás instâncias reiteradas do sr. capitão Tomás Fragoso, sempre de perto acompanhando todas as reclamações do distrito e a defeza dos interesses mais legítimos dos seus naturais, correspondeu o govêrno concedendo edifícios e subsídios importantes, que montam a 2:500 contos.
Entre todos, avultam: a concessão de 1:000.000$00 para a conclusão da estrada Miranda-Mogadouro; de 30.000$00 para a reparação do caminho de Vimioso a Miranda; de 100.000$00, distribuidos pelos diversos concelhos do distrito, para construção dos cemitérios das povoações, onde os enterramentos se faziam nas igrejas; 50.000$00 para a instalação, em casa própria, da Escola Industrial Emídio Navarro; 41.000$00 Escs. para obras de remodelação e reparações no Liceu Emidio Garcia; 20.000$00 para a construção da escola de Paçó do Outeiro; 10.000$00 para a conclusão do edifício da escola primária de Sendim, de Miranda; 10.000$00 para a conclusão do edifício da escola de Vila Chã de Braciosa (estes dois últimos edifícios estavam ha muito tempo por concluir e ameaçavam ruina); 20.000$00 para a restauração da Domus Monicipalis; 26.000$00 para reparação de uma parte da Sé de Miranda, ha muito declarada, e justamente, monumento nacional; 15.000$00 para auxiliar a construção da escola de Carrazeda de Anciães; 5.000$00 para a construção da escola de Duas Igrejas, de Miranda do Douro; e 10.000$00 para reparação da escola Conde de Ferreira, de Vimioso.
Em favor de Bragança concedeu ainda o govêrno: o antigo edifício do quartel de Metralhadoras para alargamento do Liceu; a conversão do Posto Agrário de Mirandela em Escola Móvel; autorização para a Farmácia Central do Exército, na cidade de Bragança, fornecer medicamentos no posto de socorros da Associação Artística, antiga aspiração da mesma sociedade; criação dum posto dermo-sifiligráfico na Santa Casa da Misericórdia de Bragança; criação de prémios pecuniários para alunos de liceu, filhos de artistas pobres, à razão de 100$00 Escs. mensais; organização de todas as comissões de assistência que, pelo facto de se não organizarem, deixaram de receber mais de 100.000$00; organização imediata do orçamento para a restauração da igreja do Santo Cristo do Outeiro, declarada monumento nacional; reorganização da Polícia Cívica do distrito, com inteira observância dos regulamentos em vigor; e liquidação de todas as contas relativas à verba – Subsídios concedidos para atenuar a crise de trabalho – e que ha seis anos carecia de justificação».

«OS SUBSÍDIOS CONCEDIDOS PELA JUNTA GERAL DO DISTRITO
Entre outras verbas de menor importância que, somadas, dão uma importância elevada, dispendeu a Junta Geral em benefício do distrito as seguintes: 6.000$00 Escs. para auxiliar a construção do hospital de Carrazeda de Anciães; 3.000$00 para a construção da ponte da ribeira de Vilariça; 2.500$00 para reparações da Escola Emídio Navarro; 15.850$00 para construção de fontes e canalização de águas; e 11.000$00 para construção e reparação de cemitérios».

«A OBRA DAS COMISSÕES ADMINISTRATIVAS Por sua vez, as Comissões Administratrivas dos municípios, dentro da exiguidade dos seus orçamentos, realizaram as seguintes obras:
No concelho de Bragança – Continuação dos trabalhos de captação, depósito e canalização de águas para abastecimento da cidade, em que se dispenderam 162.000$00 Escs.; reparação, que importou em 12.500$00, das escolas de Bragança, Donai, Parada, Deilão e Meixêdo; reparação do Matadouro Municipal e algumas ruas da cidade, que custou 9.000$00; aquisição de uma casa para os magistrados judiciais, no valor de 26.000$00. Concedeu 7.000$00 Escs. para auxilio a doentes e a pobres tratados nos hospitais do Porto, Lisboa e Coimbra e 11.000$00 para a compra de material oferecido à Escola Emídio Navarro e auxílio a estudantes pobres.
No concelho de Carrazeda de Anciães – Dispenderam-se Escs. 113.000$00 nas obras de reparações de ruas, praças, águas, arborização e iluminação da vila e 44.000$00 em obras com águas públicas, cemitérios, caminhos e ruas de diversas povoações do concelho.
No concelho de Freixo de Espada-à-Cinta – Reparações dos caminhos vicinais, que importou em 9.000$00 Escs.; 6.500$00 para reparação da rede eléctrica; e 7.000$00 para reparações nas calçadas.
No concelho de Macedo de Cavaleiros – Concluiram-se os projectos para melhoramentos importantes, como luz eléctrica, construção de uma escola primária, casa para os magistrados judiciais, construção da Avenida dos Combatentes e outras obras de saneamento da mesma vila e criaram-se as receitas indispensáveis para efectivar esses melhoramentos.
No concelho de Miranda do Douro – Dispenderam-se 113.000$00 Escs. em reparações de caminhos, de edifícios municipais, Sé Catedral e mobiliário para a casa dos magistrados.
No concelho de Mirandela – Dispenderam-se 397.000$00 Escs., dos quais ha apenas o deficit de 76.000$00, satisfazendo-se encargos de outras vereações e realizando-se obras e reparações importantes em edifícios, estradas e caminhos municipais.
No concelho de Moncorvo – Satisfez-se o encargo de 50.000$00 Escs. legado pelas anteriores vereações e dispenderam-se 150.000$00 na construção de uma ponte na ribeira de Vilariça e em obras de iluminação e limpeza da vila e de diversas povoações do concelho.
No concelho de Vila Flor – Levou-se a efeito o calcetamento de duas ruas da vila e reparou-se o edifício da escola primária.
No concelho de Vimioso – Produziram-se melhoramentos locais, dispendendo-se 77.000$00 Escs. na reparação e calcetamento das ruas, cemitério e reparação dos Paços do Concelho.
No concelho de Vinhais – Fez-se a reparação do edifício da cadeia civil, instalação da secretaria judicial e comprou-se a mobília para o tribunal, fazendo-se também a reparação do Adro da vila».

«AS IMPORTANTES OBRAS QUE É PRECISO REALIZAR
O que está feito, sendo muito, comparado com o que se fez em trinta ou quarenta anos de política, é pouco para o que é necessário.
Impõe-se quanto antes a construção da estrada de Freixo de Espada-à-Cinta à estação do mesmo nome; de Macedo de Cavaleiros à Vilariça; a conclusão dos trabalhos ha longos anos abandonados da estrada de Izêda a Ponte de Remondes; a conclusão do caminho de ferro de Miranda do Douro e a construção da estrada de Vinhais ao antigo concelho da Lomba.
Impõe-se, e desde já, a conciliação dos interesses das indústrias agrícola e pecuária nos concelhos especialmente do alto distrito, que por vezes e freqùentemente se entrechocam por falta, sobretudo, de regulamentação local, o que influi como primeiro coeficiente nas estatísticas criminais do mesmo distrito.
Este problema está intimamente relacionado com o da arborização e irrigação do mesmo distrito, que é preciso colocar quanto antes, para se começar a resolver segundo as possibilidades futuras».

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

2 comentários:

  1. Parabéns e louvo quem publicou este artigo e espero que as pessoas dêem apreço, que para mim foi muito importante obter esta informação, uma vez que me interessa obter documentos sobre este senhor "TOMÁS AUGUSTO SALGUEIRO FRAGOSO", por ser um meu ascendente e desconhecer por completo a sua vida profissional.
    Tenho conhecimento que também foi governador civil na cidade de Viana do Castelo.

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