Criar uma carta dos azeites com Denominação de Origem Protegida de Trás-os-Montes para estar disponível nos restaurantes de Mirandela. Um desafio lançado à restauração, pela AOTAD (Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes), pela APPITAD (Associação de Produtores em Protecção Integrada) e pelo município de Mirandela, durante a 12ª edição do festival de sabores do azeite novo, que decorreu, nas duas últimas semanas na cidade do Tua.
“Não basta nós produzirmos dos melhores azeites do Mundo, é importante também que eles estejam presentes na gastronomia local. É importante que o consumidor, quando vem a Mirandela não passe só pelos olivais mas que possa usufruir da paixão por este produto. O que se pretende é que haja uma interligação muito próxima entre os produtores, os municípios, a associação de olivicultores, que é a entidade que gere a DOP e os restaurantes”, explicou Francisco Pavão, da APPITAD.
Nesse sentido, os produtores comprometem-se a dar formação gratuita aos proprietários dos restaurantes para poderem aconselhar os consumidores na hora de escolher o azeite que melhor se adequa a cada prato. “Queremos dar formação à restauração para poder aconselhar o consumidor, à semelhança daquilo que faz com os vinhos”, acrescentou.
Entre 2007 e 2012, já tinham sido implementadas cartas de azeite, mas apenas produzidos no concelho de Mirandela. Agora, o objectivo é alargar a todos os azeites DOP de Trás-os-Montes.
Esta é uma ideia que tem vindo a ser defendida por vários críticos gastronómicos e chefs de cozinha. Um dos principais impulsionadores da mesma é Edgardo Pacheco, autor do primeiro guia de azeites de Portugal, que foi apresentado durante o festival de sabores do azeite novo.
O jornalista acredita que este guia poderá ser o primeiro passo para a implementação de cartas de azeite nos restaurantes, um pouco por todo o país. “Alguns restaurantes, muito poucos, já têm. Mas tem sido curioso que, a partir do momento em que foi publicado este guia de azeites, ouça cozinheiros, chefs, alguns até de renome, a preocuparem-se mais com essa matéria e até a procurarem-me para partilharem ideias comigo sobre esse assunto. A partir de agora, estou convencido de que esse trabalho vai ser feito e que daqui a um ou dois anos, haverá um conjunto de restaurantes com cartas de azeites bem feitas”, considera.
Edgardo Pacheco considera essencial “educar” os consumidores para a cultura do azeite, o que poderá trazer vantagens a vários níveis, incluindo para o desenvolvimento da economia em torno deste produto. “Eu quero chegar a um restaurante e poder ter dois ou três azeites diferentes e saber que, se eu pedir uma carne assada, tenho um perfil de azeite indicado para aquela carne, se pedir um peixe cozido ou grelhado, preciso de um outro azeite…. Isto é um trabalho que tem a ver com a educação, com os restaurantes, até com os jornalistas… No dia em que isso for possível, teremos uma cultura gastronómica na área do azeite, que depois tem impacto a nível económico”, acrescentou o apresentador do programa “Prato da Casa”, da CMTV.
Este é um dos temas abordados por Edgardo Pacheco, numa entrevista em que fala ainda das características que tornam os azeites transmontanos únicos, a nível internacional, para ler no Jornal Nordeste desta semana.
Escrito por Terra Quente(CIR)/Brigantia
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