Igreja paroquial de Avelanoso |
A capela-mor da igreja paroquial de Avelanoso, concelho de Vimioso, foi arrematada a 22 de Junho de 1752 por Manuel Gonçalves, «mestre canteiro da provincia do Minho», por 430$000 réis. A obra era a fundamentis, isto é, toda de raiz. No acto da arrematação o porteiro gritou «em vos alta e intelegivel quem quer fazer a obra da capela mor da Igreja de Avelanoso que se remata logo doulhe huma doulhe duas doulhe tres outra mais pequinina e por ter lançado na dita obra Manuel Gonçalves » foi-lhe adjudicada.
Segundo as condições do contrato, a capela «terá de comprimento pella parte de dentro vinte e seis palmos, de largo vinte e dous, e de alto dezanove, tudo por dentro. O arco cruzeiro terá de alto dezanove palmos no pé direito e de largo quatorze, com sua sepa em lugar de vara, e imposta em lugar de capitel, e esta caminhará pellos lados para arancar a abobeda. O mesmo arco será apilarado pella frente.
As paredes dos lados sairáo de seis palmos, e meyo cinco emthe a gola da terra, e ahi serão cortadas pella parte de fora, e serão de cinco palmos, e meyo dahi para cima. A emperia dos cortes será de tres palmos, e meyo, e a do arco será de tres palmos, e todas as paredes referidas serão asentadas em fraga.
Levará seus cunhaes de pico apilarados nos cortes; estes não terão vara nem capitel, subirão na altura necessaria para dar corrente ao telhado, que hade ser asente sobre a abobeda entulhada de mescla, e pedra, e correrá a sua cornija de meya cana, e levará quatro piramides nos cunhais; e os dous cunhaes da parte do arco sairão; o que descobrirem do corpo da Igreja.
Levará duas cruzes nas empenas com seus pedestraes. As paredes serão de masacote a saber cinco partes de barro, e tres de cal, e serão feitas de boa pedra e bem tramadas.
Da parte da Epistola terá sua fresta de seis palmos de alto na luz, e dous de largo, com suas fachas por dentro, e por fora. Terá seu degrau com seu bucel ao arco cruzeiro, e será toda lageada, e muito bem ajustada, e a cantaria bem lavrada. O altar terá tres degraus de cantaria bem lavrada, e com seu bucel; os dous primeiros correrão de parte a parte, e o terceiro terá tres entradas... o telhado será dobrado e muito bem embocado de cal e area na forma que está o de Santa Cruz desta cidade [Miranda do Douro].
As piramides serão de sepa, golla e espigão com sua bola em cima. As aduellas do arco cruzeiro não terão menos de palmo, e quarto na cabeça lavrada e metade della he por conta do povo».
No final do maço destes documentos vem uma certidão de Francisco Martins Parreira, cura de Avelanoso, datada de 8 de Junho de 1753, onde declara que a obra está concluída «e vista examinada pello mestre que fez os apontamentos», ou sejam as condições artísticas a que a obra tinha de obedecer, a qual corria por conta do cabido de Miranda, por ser quem recebia os dízimos de Avelanoso.
No acto de arrematar a construção da igreja de Vale de Lamas, concelho de Bragança, em 1788, «principiou o pregoeiro Romão Luiz a dizer quem quer lançar na obra da capella mayor de Val de Lamas pertencente a pedraria e entre varios lances que houve o menor foi o que deo Antonio Fernandes, de Cabeça Boa, em oitenta e nove mil e quinhentos reis e por não haver quem por menos a fizesse elle dito senhor Menistro [a arrematação era feita em auto público na Câmara Eclesiástica de Bragança, ante o provisor do bispado – Ministro – como diz o documento] a mandou aprontar e satisfeito pelo pregoeiro dizendo na praça o acho na praça o arremato porque mais não acho doulhe huma doulhe duas doulhe huma mais pequenina e e quem a faça por menos senão dou o Ramo e por não haver quem por menos a fizesse lhe mandou dar o Ramo que elle arrematante aceitou e se obrigou a fazer a dita obra na forma dos apontamentos que lhe forão mostrados antes de se fazer a rematação».
Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança
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