quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Antiga Aluna do IPB ganha "Prémio L’Oréal para Mulheres na Ciência"

Isabel Veiga, antiga aluna do Instituto Politécnico de Bragança, da Escola Superior Agrária, que concluiu o curso de Engenharia Biotecnológica em 2004, recebeu ontem, em conjunto com mais 3 investigadoras o prémio pela L’Oréal Portugal, Fundação para a Ciência e Tecnologia e Comissão Nacional da UNESCO, para Mulheres na Ciência no valor de 15 mil Euros.
Isabel Veiga
Foram mais de 80 as investigadoras que se candidataram ao prémio que pretende ser um incentivo para as mulheres, com menos de 36 anos, que fazem ciência em Portugal. 

Isabel Veiga, atualmente a trabalhar no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho candidatou-se ao prémio com um estudo sobre mutações genéticas do parasita da malária, analisando ao pormenor, as proteínas que existem nas células para transportar os fármacos, tentando perceber o mecanismo de resistência a nível molecular, usando parasitas geneticamente modificados que, não só podem ser úteis para perceber como funcionam estas proteínas transportadas, como também poderão servir para testar novos fármacos e prever a eficácia dos novos tratamentos em desenvolvimento.

Segundo a investigadora, pretende-se perceber como é que o parasita Plasmodium falciparum se está a tornar cada vez mais resistente à principal terapêutica existente hoje em dia, para combater a doença. 

O prémio é atribuído pela L’Oréal Portugal, Comissão Nacional da UNESCO e Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), incentivando investigadoras em Portugal, já doutoradas e com idade até 35 anos, a prosseguirem estudos originais e relevantes para a saúde e o ambiente. O júri presidido por Alexandre Quintanilha avaliou 80 candidatas e elegeu quatro. Além de Isabel Veiga, são laureadas Maria Inês Almeida (Universidade do Porto), Ana Rita Marques (Instituto Gulbenkian) e Patrícia Baptista (Instituto Superior Técnico). 

A malária é transmitida pela picada de mosquitos com parasitas Plasmodium e abunda em áreas tropicais da África, Ásia e América. O tratamento atual, à base de artemisina e alvo do Nobel da Medicina em 2015, ajudou a reduzir a taxa de mortalidade da doença. Mas nesse ano houve ainda 212 milhões de novos casos, sobretudo em menores de 5 anos. Uma das razões para este facto é que o parasita renovou as resistências e mutações genéticas, usando proteínas para empurrar o fármaco para o exterior da célula e impedir a sua atuação.

O estudo de Isabel Veiga é crucial para antecipar a eficácia da terapia e para aumentar o seu efeito e longevidade. “Se o fármaco começa a falhar globalmente, não há outro pronto para o substituir”, alerta. A cientista vai usar tecnologias de edição do genoma do parasita para avaliar como essas mutações (e respetivas interações) promovem as resistências. E quer ir ainda mais longe: criar em laboratório versões geneticamente modificadas do parasita, para ver o impacto das alterações genéticas de terapêuticas em desenvolvimento e abrir pistas para novos fármacos: “Além do potencial no diagnóstico, os resultados podem ajudar a desenvolver ferramentas moleculares para apoiar os médicos a determinarem uma terapia personalizada”, explica.

A sua equipa inclui também Pedro Ferreira, Carla Calçada, Miguel Silva, Francisco Araújo, Ana Pinheiro, Isaac Sanchez e Lúcia Moreira, todos ligados ao ICVS/3B’s e à Escola de Medicina da UMinho. Isabel Veiga nasceu há 35 anos em Guimarães. É doutorada e pós-doutorada em Ciências Médicas pelo Instituto Karolinska (Suécia) e pós-doutorada pelas universidades do Minho e Columbia (EUA). Já teve projetos apoiados pela Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infeciosas, pelo Instituto Merieux, pela Rede Sueca de Malária, pelo Fundo Nacional de Inovação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico da República Dominicana e pela FCT.


in:noticiasdonordeste.pt

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