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Isabel Veiga |
Isabel Veiga, atualmente a trabalhar no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho candidatou-se ao prémio com um estudo sobre mutações genéticas do parasita da malária, analisando ao pormenor, as proteínas que existem nas células para transportar os fármacos, tentando perceber o mecanismo de resistência a nível molecular, usando parasitas geneticamente modificados que, não só podem ser úteis para perceber como funcionam estas proteínas transportadas, como também poderão servir para testar novos fármacos e prever a eficácia dos novos tratamentos em desenvolvimento.
Segundo a investigadora, pretende-se perceber como é que o parasita Plasmodium falciparum se está a tornar cada vez mais resistente à principal terapêutica existente hoje em dia, para combater a doença.
O prémio é atribuído pela L’Oréal Portugal, Comissão Nacional da UNESCO e Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), incentivando investigadoras em Portugal, já doutoradas e com idade até 35 anos, a prosseguirem estudos originais e relevantes para a saúde e o ambiente. O júri presidido por Alexandre Quintanilha avaliou 80 candidatas e elegeu quatro. Além de Isabel Veiga, são laureadas Maria Inês Almeida (Universidade do Porto), Ana Rita Marques (Instituto Gulbenkian) e Patrícia Baptista (Instituto Superior Técnico).
A malária é transmitida pela picada de mosquitos com parasitas Plasmodium e abunda em áreas tropicais da África, Ásia e América. O tratamento atual, à base de artemisina e alvo do Nobel da Medicina em 2015, ajudou a reduzir a taxa de mortalidade da doença. Mas nesse ano houve ainda 212 milhões de novos casos, sobretudo em menores de 5 anos. Uma das razões para este facto é que o parasita renovou as resistências e mutações genéticas, usando proteínas para empurrar o fármaco para o exterior da célula e impedir a sua atuação.
O estudo de Isabel Veiga é crucial para antecipar a eficácia da terapia e para aumentar o seu efeito e longevidade. “Se o fármaco começa a falhar globalmente, não há outro pronto para o substituir”, alerta. A cientista vai usar tecnologias de edição do genoma do parasita para avaliar como essas mutações (e respetivas interações) promovem as resistências. E quer ir ainda mais longe: criar em laboratório versões geneticamente modificadas do parasita, para ver o impacto das alterações genéticas de terapêuticas em desenvolvimento e abrir pistas para novos fármacos: “Além do potencial no diagnóstico, os resultados podem ajudar a desenvolver ferramentas moleculares para apoiar os médicos a determinarem uma terapia personalizada”, explica.
A sua equipa inclui também Pedro Ferreira, Carla Calçada, Miguel Silva, Francisco Araújo, Ana Pinheiro, Isaac Sanchez e Lúcia Moreira, todos ligados ao ICVS/3B’s e à Escola de Medicina da UMinho. Isabel Veiga nasceu há 35 anos em Guimarães. É doutorada e pós-doutorada em Ciências Médicas pelo Instituto Karolinska (Suécia) e pós-doutorada pelas universidades do Minho e Columbia (EUA). Já teve projetos apoiados pela Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infeciosas, pelo Instituto Merieux, pela Rede Sueca de Malária, pelo Fundo Nacional de Inovação e Desenvolvimento Científico e Tecnológico da República Dominicana e pela FCT.
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