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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Miudezas da Casa Por Causa da Neve...

Há dias em que fazemos viagens imaginárias à volta da nossa memória, como se fosse possível regressar a sítios e recantos onde estivemos num tempo antiquíssimo.
Então de novo entramos no Soto da nossa aldeia, um mundo fabuloso onde se misturavam cheiros mágicos e cores deslumbrantes. Aqui tudo era possível e as fazendas, os riscados e as popelinas, estavam arrumadas nas prateleiras ao lado da massa, do pimento, do arroz, do açúcar, bem perto da “tarifa” do polvo e do “atado” do bacalhau vindo das terras longínquas da Noruega.
Mais além estavam as miudezas, uma infinidade de linhas, agulhas, elásticos, colchetes e outras pertenças, necessárias ao quotidiano de quem se fazia ao comércio na urgência de comprar, a fiado, tudo aquilo que assegurava o seu viver, nas pacatas sociedades agro-pastoris.
E por hoje falaremos somente nestas miudezas que perpassam pelo nosso dia-a-dia de citadinos, enquanto sonhamos com a horta, com a faceira e o linhar e enganamos o nosso devir, semeando feijões e abóboras nos vasos do parapeito das janelas do nosso apartamento, onde somos encaixotados, longe da liberdade da nossa casa da aldeia, construída à beira da magia dos campos infindos fazendo-se renovo no milagre da hortaliça temporã.
Hoje, neva lá fora…e em noite de neve desejo sempre regressar a casa …acender a lareira e encontrar de novo o nome que a velha mais velha do povoado sempre me chamou e que sabia a mel…a côdeas de centeio e a medronhos em tempo de Natal.
Enfim…as palavras já tardam… tu tambem tardas...e hoje fico por aqui à beira da janela olhando a catedral feita de neve que o céu cinzento está a construir…
…tempos ancestrais regressam na magia da neve e a avó, para sempre, fia na roca perpetuando os longos serões dos misteriosos Invernos do Nordeste transmontano…

(por: Fernando Calado)

1 comentário:

  1. A forma que o Fernando Calado encontra para nos contar estas vivências de uma juventude que rapidamente se findou, é extraordinária. Sem grandes deambulações e numa linguagem não rebuscada, simples e clara, mas com as palavras muito bem jogadas e onde o sentimento domina, leva-nos a reviver ao pormenor essa forma simples de viver e traz-nos os momentos em que a família, tinha ao redor da lareira o seu ponto de encontro, em serões de conversa, bem mais interessantes que a "pantalha" a que hoje estamos presos.

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