Aproxima-se a altura do ano em que os jantares de Natal das empresas e instituições se sucedem um pouco por todo o lado. Há para todos os gostos. Há jantares em que cada colaborador paga o seu jantar, há jantares onde a empresa, ou instituição, é que paga e até jantares em que ninguém paga e o dono do restaurante fica a "arder".
O melhor dos jantares de Natal das empresas e instituições é a gradual evolução comportamental definida pelo consumo de álcool. É esse consumo que faz com que tudo possa acontecer.
Desde a directora financeira, que antecede a refeição com um austero relatório de contas e acaba no karaoke a cantar as "tetas das cabritinha", com um barrete de pai natal enfiado na cabeça e uma mama de fora, até ao administrador que assiste à troca de prendas entre a esposa e a amante...tudo pode acontecer.
Colaboradoras ébrias e abraçadas umas às outras a cantar "o pai da criança", ao mesmo tempo que dizem ser as melhores amigas, quando na verdade o dia-a-dia de trabalho demonstra tratarem-se de umas grandes cabras...também são uma espécie muito vista nestes jantares de Natal.
Não pode faltar a típica troca de prendas em que todos os colaboradores se esforçam por oferecer o mais ranhoso e lowcost bibelot chinês, mas sempre com a esperança de receber um Porsche.
A indumentária destes jantares também é característica. Os homens vestem o que sobrou de uma tarde de montanhismo ao passo que as mulheres escolhem algo que já tenham usado em casamentos e que no jantar de Natal pode surpreender. Na verdade surpreende. Ao ponto de, em alguns desses jantares, serem confundidos com o Carnaval.
Nos jantares de Natal todos são muito amiguinhos e acabam sempre por fazer um comboio ao som do "apita o comboio" guinchado pelo director jurídico ou presidente que segura o microfone com a mão onde tem um charuto, e o copo de aguardente velha com a mão que ambienta os glúteos da nova aquisição dos recursos humanos.
Ao fundo da sala ouvem-se gemidos. Alguns minutos depois, o director executivo, de virilhas largas, despenteado e com a gravata já sem nó, reaparece na sala para que algum tempo depois apareça também o novo designer gráfico, que ajeita os boxers ao mesmo tempo que critica os cortinados do salão.
Em duas mesas da sala já se joga poker e numa outra organiza-se a visita à casa de meninas. Nada melhor que um jantar de Natal da empresa como desculpa para ir às putas. E isso eu não consigo perceber.
Neste "lufa-lufa" a secretária da administração nem tempo teve para comer, tal foi a azáfama em que andou a boca. Dizem as más línguas que ela é "barra" na oralidade. Para além de abrir o jantar com um discurso de apelo ao empenho, teve ainda que trabalhar. Sim, porque a secretária da administração foi a única que no jantar de Natal teve que fazer exactamente o mesmo trabalho que nos restantes dias do ano. Nem vale a pena explicar que tipo de trabalho faz efectivamente...porque todos sabem mas ninguém sabe (you know what i mean).
Obs* Desconheço o autor
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