José era um menino como tantos outros, que ano após ano, esperava o Natal com o coração cheio de esperança. Um Natal que não fosse apenas um conjunto de luzes que se acendem nas ruas ou de presentes que se espalham nas casas.
O Natal que ele procurava era algo maior, algo que sentia como uma presença invisível, que pairava no ar, aguardando por ser encontrado.
Porém, o menino não sabia onde esse espírito do Natal morava, nem como poderia chegar até ele. Então, um dia, cheio de coragem e curiosidade, decidiu procurá-lo. E assim fez, saiu de casa e começou a caminhar pela rua, com o coração mais acelerado que os seus passos. As casas estavam enfeitadas, os sinos tocavam nas igrejas e as pessoas pareciam mais amáveis e mais sorridentes do que o habitual. Todavia, José sabia que o Natal não estava apenas nas cores das grinaldas ou no cheiro das rabanadas. Ele sentia que o espírito do Natal estava escondido nalgum lugar e que esperava por ele.
Bateu à primeira porta. Truz-truz. O som do metal contra a madeira parecia tão solitário quanto ele. E, do outro lado, a pergunta que se repetia como uma velha canção:
— Quem é?
José respirou fundo e, com um sorriso tímido, respondeu:
— Sou o José. O Natal está…?
Mas, antes que pudesse terminar, uma resposta seca cortou a frase e concluiu o diálogo. Sem desanimar, José continuou o seu caminho, batendo a outras portas. Truz-truz, truz-truz, truz-truz. A cada toque, a mesma pergunta e a mesma resposta. Algumas pessoas sorriam, outras falavam rapidamente sobre a correria das festas e outras ainda se desculpavam pela falta de tempo. Mas José sentia que nada daquilo era o que ele procurava.
E, assim, o menino foi de porta em porta, dia após dia, sem deixar de acreditar.
Ele não sabia o que procurava, mas sabia que, apesar de estar cada vez mais perto, ainda não tinha chegado ao destino. Até que, numa tarde dourada de dezembro, ao bater a uma porta, em Trás-os-Montes, algo de diferente aconteceu. Em resposta ao seu costumeiro gesto, não ouviu a mesma pergunta de sempre “Quem é?”. Dessa vez, do outro lado, ecoou uma voz que soava como uma terna canção cheia de hospitalidade e José escutou as inesperadas palavras “Entre, quem é…”. Então, nesse momento, o menino sentiu um estranho calor no peito e não precisou de dizer mais nada. Não houve mais perguntas, nem mais explicações. Não foi, tão pouco, necessário dizer quem ele era, nem o que procurava. Imediatamente a porta se abriu e o espírito do Natal, que ele procurava, estava ali, diante dele. Era um abraço sem palavras, um convite sem barreiras, um espaço onde não importa saber quem é quem ou de onde vem, porque o que verdadeiramente interessa é o que cada um carrega dentro de si.
Timidamente, José entrou na casa e de imediato foi envolvido por uma atmosfera de luz. Não dessa luz que pisca nas árvores, mas uma luz suave que ilumina não só os objetos, mas também os corações. Havia gargalhadas. Havia comida simples, mas saborosa. Havia o cheiro da alegria e do carinho. Aquele, sim, era o Natal que o menino esperava. O Natal de que todos precisamos e que espera por nós, em algum lugar.
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