De dia 26 a 28 de dezembro, realiza-se a feira de Artesanato e produtos da Terra, dá-se a volta à aldeia no Carro de Santo Estevão e começam os jogos tradicionais.
No último fim de semana do ano, actividades não faltaram para juntar os que vivem e os que regressam à aldeia, e tanto a galhofa como a corrida da Rosca são tradições às quais não se pode faltar. Quem o diz é Manuel Rodrigues, habitante da aldeia e autor do curral da luta e do carro de Santo Estevão.
“Se começarmos pela primeira tradição, temos, por exemplo, a missa do galo, onde cantam quatro jovens. Depois, no dia seguinte, temos esta corrida da rosca, que já é tradição, todas as pessoas das aldeias que aqui queiram vir correr. Depois temos à noite a galhofa, que são as lutas tradicionais, que acontecem no curral. Tenho 83 anos, e desde miúdo sempre fiz parte das tradições, sempre, sempre. Para mim é importante continuarem a existir. Eu nunca falharei nisto, porque toda a vida andei nisto. Eu gosto destas tradições”, disse.
Pedro Teixeira é de Parada, mas vive em Braga. Desafiado pelo filho, Tomás Teixeira a correr, voltou a recordar os velhos tempos. “Quando tinha doze, treze anos, talvez corresse, mas depois não. Ganhamos aquela vergonhazinha. Mas hoje decidi, fazer aqui à vontade do Tomás, e corri com ele”, referiu.
Afirmou sentir um “grande orgulho” ver o filho a participar nas actividades tradicionais da sua aldeia. Acrescentou que é “uma forma de manter a tradição” que faz parte das suas raízes. É também para ele motivo de orgulho ver que o filho “tem um gosto enorme por Trás-os-Montes, nomeadamente Bragança”, rematou.
A tradição é antiga e tem de se manter. Apesar existirem cada vez menos participantes, para o presidente da união de Freguesias de Parada e Failde, Hervé Gonçalo, o mais importante é manter o convívio que esta festa proporciona.
“Isto é a cultura de um povo. O que está enraizado é sempre o convívio entre toda a população, todos os migrantes e imigrantes, nesta altura, regressam a Parada só para conviver. Tem existido cada vez menos participantes. Relativamente à luta, existia geralmente um desafio entre os de grijó de Parada e os de Parada, para saber quem tinha o lutador mais forte. Neste momento, cada vez menos, a cultura também das pessoas não permite e vai-se perdendo, mas em Parada ainda tem aberto todos os anos o Curral de Santo Estevão, para assim procederem à luta e não deixar perder esta tradição”, contou.
A organização das actividades é da responsabilidade dos mordomos de Santo Estevão, que são encontrados durante o almoço comunitário. A galhofa, que nada mais é que uma luta, é ganha pelo lutador que conseguir imobilizar, no chão e de costas, o adversário. Na corrida da Rosca, vence o corredor com duas vitórias, explicou o presidente.
Actualmente, a Junta de Freguesia está a acrescentar novas actividades à festa de Santo Estevão, como a decima quinta Feira de Artesanato e Produtos da Terra e a batida de caça, realizada em colaboração com a Associação de Caçadores. O objectivo é atrair mais visitantes e manter o espírito de convivência, reunindo todas as gerações em torno das tradições.
Sem comentários:
Enviar um comentário