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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Castelo de Torre de Moncorvo

Portugal, Bragança, Torre de Moncorvo, Torre de Moncorvo
Arquitectura militar, medieval. Castelo de planta rectangular irregular a partir do qual se desenvolvia para N. cerca urbana de planta alongada, ambos inexistentes, mas detectáveis através da malha urbana e de alguns troços de muralha ainda existentes, rasgada por três portas, com arco de volta perfeita.
Número IPA Antigo: PT010409160004
Categoria
Monumento
Descrição
Castelo inexistente mas com planta ovalada detectável pelo traçado da malha urbana, uma vez que as habitações foram construídas adossadas ao longo da muralha da antiga cerca, possuindo trechos incorporados em algumas casas, subsistindo alguns panos na Praça da República e nos arruamentos envolventes, como a R. Tomás Ribeiro e o Lg. do General Claudino. 
A cerca era rasgada por três portas, ainda existentes, sensivelmente a O., actualmente muito alterada e de vão recto, denominada de São Bartolomeu *1, a E. e a S. estas últimas, com vão de arco em volta perfeita assente em imposta, destacando-se a rasgada a E., chamada Porta da Vila ou de Nossa Senhora dos Remédios, uma vez que é encimada no perímetro interior da cerca por pequena capela, com aquela invocação; possui planta quadrada e fachada principal rebocada e pintada, com pilastras nos cunhais, sobrepujados por pináculos, e termina em empena triangular com cruz no vértice; é rasgada por portal de verga recta encimado por frontão tiangular e acede-se-lhe pela fachada lateral direita através de escada em cantaria; sobre a cobertura do lado esquerdo, ergue-se pequena sineira de arco pleno e remate em cornija com dois pináculos laterais. 
No interior da cerca foi estabelecido um traçado regular com três eixos longitudinais, com orientação N. / S., e diversas travessas perpendiculares. Junto da porta do lado S., ergueu-se o castelo propriamente dito, de planta quase rectangular hoje completamente entulhado e transformado numa plataforma elevada, o qual dominava o largo central (actual Praça da República) formado no exterior da porta, onde esteve o pelourinho e a antiga Casa da Câmara e de onde partiam os dois principais caminhos de saída que se transformaram nas duas ruas estruturadoras do arrabalde. 
Foi numa dessas ruas, a que conduzia a Barcas do Douro, passando no local da antiga aldeia e Igreja de Santiago, que se construiu a nova Igreja Matriz de Torre de Moncorvo, dedicada a Santa Maria (v. PT010409160001).
Acessos
Largo dos Paços do Concelho
Protecção
IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 40 361, DG, 1.ª série, n.º 228 de 20 outubro 1955
Grau
2 - imóvel ou conjunto com valor tipológico, estilístico ou histórico ou que se singulariza na massa edificada, cujos elementos estruturais e características de qualidade arquitectónica ou significado histórico deverão ser preservadas. Incluem-se neste grupo, com excepções, os objectos edificados classificados como Imóvel de Interesse Público.
Enquadramento
Urbano, adossado, numa plataforma a 400 m. de altitude, ocupando o centro de Torre de Moncorvo com ruas estreitas e construções de dois pisos, existindo vários edifícios públicos e religiosos.
Descrição Complementar
Utilização Inicial
Militar: castelo e cerca urbana
Utilização Actual
Residencial / turística
Propriedade
Pública: estatal
Afectação
Sem afectação
Época Construção
Séc. 12 / 14
Arquitecto / Construtor / Autor
MESTRES PEDREIROS: João e Pero Peres. António Fernandes.
Cronologia
1062 - a povoação recebe foral pelo Senhor Mendo Curvo *2; 1128 / 1140, entre - confirmação do Foral por D. Afonso Henriques; 1258 - as Inquirições referem a aldeia de Torre de Moncorvo, como termo da vila de Santa Cruz de Vilariça, com sua igreja de Santiago, situando-se na encosta onde existe hoje o cemitério; 1285 - D. Dinis concede Foral a Torre de Moncorvo, constituindo uma transcrição do Foral concedido por D. Sancho II em 1225 à vila de Santa Cruz, atribuindo-lhe simultaneamente o termo daquela vila; 1286 - concessão de toda a parte Norte desse termo a uma nova vila entretanto criada na Vilariça - Vila Flor; 1295 - carta de D. Dinis resolvendo uma contenda entre os concelhos de Vila Flor e Torre de Moncorvo por "razom da fortaleza que mandei fazer em essa vila da torre de meencorvo, e porque eu mandey que metesedes as terças das eigrejas de vila frol primeyramente, e depois que er metesedes as terças da torre de meencorvo na fortaleza de vila frol"; 1337 - escritura entre os mestres João e Pero Peres para fazer uma porta de pedra na barbacã sa S. do castelo; 1366 - carta de D. Fernando determinando que os moradores de Urros e do Peredo eram obrigados a trabalhar na obra de fortificação de Torre de Moncorvo desde o "cubo novo até ao cubo da porta do castelo com a barbaçã que está a par do cubo novo" e limpar a "carcova", durante dois dias por semana, com vinte homens por dia; 1376 - carta de D. Fernando confirmando a anterior doação de Urros a Torre de Moncorvo, porque aquele lugar "era terra chãa e de pouca campanha e que nom auya nem huma fortaleza", levando a concluir que a sua antiga fortaleza já tinha desaparecido; uma outra carta do mesmo monarca determinava que os moradores das aldeias de Urros e de Maçores, do termo da vila de Moncorvo, deixassem de prestar a adua para as fortificações de Freixo de Espada à Cinta como costumavam e passassem a prestá-la nas obras da vila de Moncorvo; o monarca ordena que se fizessem na muralha mais oito cubelos para além dos que já tinha; 1377 - D. Fernando ordena que moradores de Foz Côa e Vila Flor paguem imposto para que se prossiga com as obras do castelo; 1385 - D. João I ordena que Alfândega da Fé, Castro Vicente, Mogadouro, Bemposta e Penas Róias prestasse a "addua" para se reparar a cerca; retoma a medida de D. Fernando; 1512 - D. Manuel concede Foral Novo; 1556 - obras no castelo por António Fernandes; séc. 17 -
Carvalho da Costa descreve o castelo como tendo "muralha ao uso antigo, com três portas e, a seus lados, baluartes ou cubelos redondos, um castelo de cantaria, em forma quadrada, com duas torres, quatro cortinas e dois baluartes redondos"; 1700 - corregedor mandou construir um bocal de cantaria no poço, com 5 palmos de alto, com uma porta por cima, para o proteger; 1718, cerca - segundo Miguel Soromenho, ter-se-ia construído, provavelmente, o aljube de Torre de Moncorvo; 1740 - a água do poço era imunda, não sendo utilizada pela população, mas servia em caso de incêndio; 1748 - transferência do matadouro para junto do arco da Boavista, ou seja, a porta E. das muralhas; 1788 - construção de "tendas"ao longo do paredão do castelo, para os feirantes exporem os sues produtos, sendo os assentos de cantaria, com 3 palmos de altura, desde a ponta do pelourinho até ao chafariz pequeno, pelo canteiro Luís da Costa, por 9$000 rs; séc. 19, início - as muralhas do castelo são parcialmente demolidas; a residência dos alcaides deixou de ser habitada, acelarando-se o processo de ruína; 1815 - a pedra é levada para a Corredoura e aproveitada para se construir o quartel do batalhão dos Caçadores 5; posteriormente, caiu um raio sobre a residência dos alcaides; séc. 19 - demolição da Igreja de Santiago para ampliação do cemitério; 1834 - Luís Cláudio de Oliveira Pimentel, presidente da Câmara, refere que para que Moncorvo cresça é necessário que se proceda à demolição do castelo; 1842 - a Câmara reconhecendo a impossibilidade da reedificação da alcáçova, projectou a construção de um passeio público (o Largo do Castelo) e a edificação dos novos Paços do Concelho no local onde se situava o castelo; 1878 - Alexandre Herculano condena a destruição do castelo; 1907 - Largo do Castelo foi baptizado como Passeio Público de Alexandre Herculano; 1938 - neste largo foi implantado um busto de Campos Monteiro, da autoria do escultor Castro Caldas; 1970 - aterro do poço, quando se processou a regularização da rua.
Características Particulares
Do antigo castelo subsistem apenas restos das suas fundações e da cerca alguns troços de muralha integradas nas habitações e outras à vista, bem como três portas. Destas, destaca-se a chamada porta da Vila ou de Nossa Senhora do Rosário, visto ser encimada por capela rasgada por porta de verga recta que se abria para o interior da vila.
Dados Técnicos
Sistema estrutural de paredes portantes.
Materiais
Estrutura de granito.
Bibliografia
VITERBO, Sousa, Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses, vol. 1, Lisboa, 1922; ALMEIDA, José António Ferreira de [coord.], Tesouros Artísticos de Portugal, Porto, 1988; ALVES, Francisco Manuel, Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, 11 vols., Bragança, 1990; ANDRADE, António Júlio, Torre de Moncorvo - Notas Toponímicas, Torre de Moncorvo, 1991; SOROMENHO, Miguel Conceição Silva, Manuel Pinto de Vilalobos da engenharia militar à arquitectura (dissertação de mestrado em História da Arte Moderna), UNL, Lisboa, 1991; ANDRADE, António Júlio, Quadros Militares da História de Moncorvo, Torre de Moncorvo, 1992; LIMA, Coord. Alexandra Cerveira Pinto S., Terras do Côa / da Malcata ao Reboredo. Os Valores do Côa, Maia, 1998; VERDELHO, Pedro, Roteiro dos Castelos de Trás-os-Montes, Chaves, 2000.
Documentação Gráfica
IHRU: DGEMN/DSID
Documentação Fotográfica
IHRU: DGEMN/DSID
Documentação Administrativa
IHRU: DGEMN/DSID
Intervenção Realizada
Séc. 20 - sondagens arqueológicas no jardim fronteiro ao castelo, pondo a descoberto as fundações da muralha, que foram cobertas com estrutura metálica.
Observações
*1 - neste local existia uma capela dedicada a São Bartolomeu, referenciada no séc. 17; *2 - o topónimo Torre de Moncorvo deriva da existência de uma torre habitada por um senhor local de nome Mendo Curvo, o qual, por evolução fonética, originou Moncorvo.
Autor e Data
Ernesto Jana 1994 / Marisa Costa 2001

in:monumentos.pt

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