O “Forte de São João de Deus” localizava-se na cidade e distrito de Bragança, em Portugal.
História
Em meados do século XVII a Câmara Municipal de Bragança era a proprietária dos campos onde se localizava uma pequena colina fronteira à cidade. Esse espaço, conhecido como Sardoal, era um terreno arborizado que podia ser arrendado para o pastoreio.
A necessidade de reforçar as defesas da cidade, questão sempre presente devido à sua localização geoestratégica especial e à sua condição fronteiriça, levou a que, no contexto da Guerra da Restauração da independência de Portugal (1640-1668) se decidisse a construção, nesses terrenos, do Forte de São João de Deus. O local escolhido permitia o controlo da zona ocidental e sul da cidade:
“(…) hua eminencia que fica a respeito desta cidade ao occidente, e na direitura daquella em que esta o castello havia antigamente hum grande arvoredo de sardões, ou azinheiras, razão porque hoje todo aquelle campo conserva o nome de Sardoal; (…) e nas guerras de a feliz acclamação do rei D. João IV, sendo Governador das Armas nesta Provincia [D. Rodrigo de Castro] o Conde da Mesquitella, desmontada aquellla campanha, se plantou o forte de S. João de Deos” (MARTINS, Fausto Sanches, A arquitetura dos primeiros colégios jesuítas de Portugal: 1542-1759. Cronologia. Artistas. Espaços. vol. I, Porto, Dissertação de doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1994, pp. 654-655.).
O forte apresentava planta no formato de um polígono regular, com projeto de autoria de Pierre Gilles de Saint-Paul datado de 1653. Embora se desconheça a data precisa de início de sua construção, sabe-se que as obras avançavam a bom ritmo em 1659, com toda a mão-de-obra disponível na cidade estando a trabalhar nas suas obras.
Pouco depois de 1660 os quartéis do forte entravam em funcionamento. A fortificação influenciou a toponímia, dando nome às vias adjacentes: “Beco do Forte”, “Rua do Forte”, “Rua de S. João de Deus”. Com o correr dos séculos e a expansão da malha urbana a fortificação tornar-se-ia parte integrante da cidade.
No contexto da Guerra de Sucessão Espanhola (1702-1713) a cidade foi parcialmente ocupada por tropas espanholas, por um breve período, em 1711.
Em 1762, no contexto da chamada “Guerra Fantástica” ou “Guerra do Pacto de Família”, nomes pelos quais ficou conhecida a a participação de Portugal na Guerra dos Sete Anos (1756-1763), o forte foi arrasado pelas forças do exército franco-espanhol que invadiu o país pela fronteira de Trás-os-Montes.
Após diversas tentativas de reconstrução frustradas, o forte foi reparado no início do século XIX, tendo servido de quartel a diversos regimentos.
Na primeira década do século XXI a Câmara Municipal de Bragança adquiriu a área do antigo forte, cerca de 12,5 hectares. Seguiu-se a apresentação do projeto de reconversão do Forte São João de Deus a 20 de fevereiro de 2011, data em que, em Bragança, se assinala o Dia da Cidade. Em agosto do ano seguinte (2012), foi assinado o contrato de financiamento comunitário da requalificação inserido no projeto “EcoPolis”.
O projeto de requalificação do forte
O projeto, dividido em duas etapas, contemplava a reconstrução dos edifícios militares, a sua modernização e adaptação aos tempos atuais, atendendo a critérios de bio-sustentabilidade e de eficiência energética. Em uma primeira fase, concluída e inaugurada em 30 de agosto de 2013, foram restaurados os antigos edifícios do forte, neles se instalando a Câmara e os diversos serviços municipais como oficinas, armazéns, transportes urbanos, serviços sociais e de águas, seção financeira e administrativa. O projeto oferece ainda um conjunto de novos serviços, como a Loja do Cidadão e o Balcão Único de atendimento, que vai concentrar todas as respostas do Município num único espaço. As construções militares, de baixa qualidade e que não foi aconselhável reabilitar, foram demolidas, dando lugar a amplas zonas verdes, praças pedonais e estacionamentos. Os custos desta etapa foram avaliados em mais de 10 milhões de euros, dos quais cerca de 2,8 milhões foram provenientes de fundos comunitários.
Em uma segunda fase, prevê-se a construção de uma zona residencial com 300 habitações, uma área comercial, um complexo desportivo e um espaço destinado a uma feira mensal.
Cabe destacar que todo o projeto é parte da estratégia de EcoCidade que se pretende implementar em Bragança. Trata-se, pois, de uma intervenção com base nos mais elevados padrões de eco-construção, onde se deve destacar a inclusão de, entre outros elementos, uma central fotovoltaica, uma central de biomassa, uma torre eólica, um sistema de recuperação de águas pluviais para o sistema sanitário e uma estação meteorológica que permite a gestão automática da rega dos jardins da cidade. Tudo isto fez com que, em 2013, fosse outorgado a este projeto o "Prémio Excelência", na categoria de inovação, entre as 44 cidades participantes em todo o país.
in:fortalezas.org
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