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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

III Entrar na Linha trouxe a circulação férrea de regresso a Cortiços

No sábado, 70 pessoas entraram, literalmente, na Linha do Tua, no troço junto à estação de Cortiços, no concelho de Macedo de Cavaleiros, para trabalhos de manutenção.
Foi o III Entrar na Linha, promovido pelo Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT). O percurso começou há 3 anos, em Carvalhais, no concelho de Mirandela, e desta vez a própria linha foi intervencionada, conforme explica Filipe Esperança, o presidente do Movimento.

“Estamos a fazer limpeza ao longo de todo o corredor ferroviário, a desmatação do canal.

Depois, começa a intervenção ferroviária, ou seja, vamos começar a verificar as travessas, fazer o aperto dos tirafundos e a lubrificação dos aparelhos de mudança de via. Tudo isto para que depois possa circular um pequeno veículo ferroviário, pela primeira vez em 25 anos, depois do encerramento, em 1991.”

A dresine, percorreu cerca de um quilómetro de linha, e marcou o regresso simbólico da circulação na Linha do Tua.

Os responsáveis pelo equipamento, que tem 9 lugares e um motor, fazem parte do grupo Brave Ones. Depois de uma caminhada na Linha do Douro, surgiu a ideia, que tem vindo a ser melhorada.

Bruno Soares: Isto funciona de uma forma relativamente simples. Nós fomos melhorando as versões da dresine. Esta é a sexta. Em cada versão temos o cuidado de melhorar o processo de montagem, para ser mais rápido e estável, para as nossas aventuras.

José Costa: É uma dresine de fabrico artesanal. A primeira era a pedal, depois era montada e desmontada no próprio dia, peça a peça.

O regresso foi, pois, simbólico, mas Filipe Esperança lembra que, mesmo com a Barragem de Foz Tua a funcionar, sobram 80 quilómetros de via estreita, entre Mirandela e Bragança.

“Nesses 80 quilómetros temos muitas aldeias que perderam população. O povo perdeu acessibilidades. Regra geral, a densidade população é cada vez mais envelhecida, os jovens não ficam nos seus locais. Obviamente que o comboio não é o principal motivo, mas é, sem dúvida, um ponto chave para podermos dar a volta a esta situação.

A Linha do Tua passava por 34 aldeia e 3 cidades, e acreditamos que esta via pode ter uma importância social muito grande, e fazer com que as pessoas cá fiquem.”

Alguns dos cerca de 5 quilómetros intervencionados estavam intransitável, mesmo a pé, depois de o mato ter invadido por completo a linha. O que não demoveu os participantes.

José Pinto: Temos estado a cortar a vegetação que entretanto cresceu aqui nesta reta, para se poder usar a dresine, neste troço de via. Isto já não é mantido à dezenas de anos, parece-me normal estar obstruído. No entanto, há uma pior obstrução “lá em baixo”, que é a barragem, e essa daria mais trabalho a tirar.

Eduardo Silva: Fico muito satisfeito por ver que isto está a acontecer desta forma, e que está a dinamizar a zona. De certa forma também a mostrar à população que eles também podem ter culpa por isto não estar mais ativo, porque os participantes quase todos vêm de longe. Estamos aqui a mostrar que a via férrea é viável.


Aníbal Gonçalves: Sou um defensor da manutenção da linha férrea completa, apesar de neste momento ser quase uma utopia. Mas, a esperança é a última a morrer. Continuo a acreditar que ainda é possível preservar o Vale do Tua e a Linha do Tua.

A atividade foi inserida nas comemorações do 10º aniversário do movimento. Este foi o ano com mais participantes. O MCLT promete continuar a iniciativa, e levá-la até ao fim da linha, em Bragança, e espera em edições futuras conseguir captar mais participantes oriundos da região.

Escrito por ONDA LIVRE

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