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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Memórias Orais - Celeste Neto

Seguiu a ação católica desde cedo. Tinha 15 anos e já sabia que a sua vocação seria ajudar os outros. “Fazíamos as reuniões e íamos também às pessoas que necessitavam, víamos os casos e depois resolvíamos.
Estava um vizinho à minha porta, “olhe Celestinha, o Sr. António está com fome”, “então vamos-lhe dar um dinheiro para ele comprar o pão para comer durante o dia”. Celeste Neto nunca casou mas diz que sempre se realizou na vida e mais importante que isso, foi ter sido útil à sociedade. Escapou ao trabalho no campo mas as tias e os avós sempre lhe contavam como a vida era dura. “As mães coitadas, faziam um sacrifício, muitas vezes andavam a segar com os meninos (filhos ao colo) e quando eram assim mais grandinhos levavam-nos também para as segadas”.
Durante 70 anos nunca pensou em riquezas diz, porque a "missão” era usar os recursos que tinha na ajuda aos mais necessitados. “Levei uma vida muito abençoada porque nunca senti falta de nada, eu só queria ser útil a toda a gente, Deus deu-me este dom e levei-o até ao fim”. Hoje, aos 82 anos é ela quem precisa de ajuda. Está no Lar em Lagoaça e a primeira pedra da sua construção foi colocada com o dinheiro de um peditório que ela própria organizou, 700 contos na altura. 
Confessa que sempre foi alegre e bem disposta e que gostava de estar em Ligares, ao pé da Freiras e rodeada de crianças, que sempre são a alegria de “uma casa” para lhes cantar e ensinar as “cantiguinhas” de antigamente, “Minha trigueirinha, olaré, meu bem/ Ai tu és só minha e de mais ninguém”...

Texto: Joana Vargas
(abril de 2015)

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