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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 7 de maio de 2016

Vem aí o monstro...

Nos últimos dias, uma das velhas e emblemáticas locomotivas da Linha do Tua, que deu vida durante quase um século a este reino maravilhoso que é o Vale do Tua, viajou para França onde irá ser restaurada e posta a operar ao serviço do turismo de paisagem, turismo de qualidade. Certamente levada por gente com grande visão sobre os desígnios do futuro, alinhada com o lado mais promissor de uma Europa atenta à valorização dos territórios, que procura riqueza no bem-estar e autoestima das suas populações. Uma visão claramente oposta à que vigora por cá, onde se abandona a mesma Linha do Tua com os seus 124 anos de história e memórias, em território ainda em estado quase selvagem, dotado de um potencial cénico e turístico de fazer inveja. E com ela, abandona-se a paisagem, os recursos endógenos, as povoações e desrespeita-se a autoestima das gentes que ali vivem.
São sinais claros de uma decrepitude civilizacional de que dificilmente se recuperará. Sinais que não se ficam por aí, e que alcançam dimensão cruel com o avanço da famigerada Barragem do Vale do Tua, um dos crimes ambientais mais gravosos de que há memória no interior português. O monstro, como os ecologistas lhe chamam, aproxima-se a passos largos, preparando-se para engolir um dos paraísos mais belos do nordeste transmontano e um pedaço nobre do Douro Património Mundial. E mais uma vez também, as vozes revoltadas dos ecologistas e das populações intentam fazer-se ouvir, numa derradeira petição à UNESCO, como quem procura, desesperadamente, gastar os últimos cartuchos de uma guerra de David contra Golias. É que a albufeira vai estender-se ao longo de 37 kms, eliminando, em definitivo, todo o Vale do Tua, com os seus ecossistemas raros e as implicações na alteração no microclima e sobrevivência das espécies; mas agravada ainda pela passagem dos corredores de linhas de alta tensão sobre dezenas de aldeias a ligar a barragem à rede elétrica nacional, com as monstruosas torres metálicas, equivalentes a 25 andares, instaladas em pleno coração do Douro Vinhateiro.

E com tudo isto, no ar permanece a ameaça de a UNESCO poder cassar a classificação de Património Mundial. Dizem os estudos que a barragem apenas contribuirá com 0,1% do total nacional da energia consumida, correspondente a 0,5% da eletricidade. Pergunta-se: valerá a pena arriscar tanto para obter uma tão pequena fatia de eletricidade para o país?


Alexandre Parafita
Jornal de Notícias

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