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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Estruturas abandonadas na Serra de Montesinho poderão ser recuperadas

Depois de ler com atenção o artigo acerca das estruturas abandonadas na Serra de Montesinho, apetece-me partilhar com os leitores do Jornal Nordeste a minha opinião acerca do assunto.
Muitos de vós perguntarão: que interessa a opinião dela? Em primeiro lugar enquanto cidadã tenho o direito de me importar e opinar. Em segundo lugar, ocupando de certa forma lugares de alguma responsabilidade e tendo sido candidata por Bragança nas últimas eleições legislativas mais obrigação tenho de partilhar com todos a minha opinião, que obviamente vale o que vale.
Há muitos anos atrás, era eu uma jovem, passei bons momentos em família e em grupo com amigos na Casa da Lama Grande.
Alugávamos a casa para fins-de-semana, para semanas, para um dia só, enfim, para a disponibilidade temporal e financeira da altura. E lá íamos. Tratávamos com carinho uma casa que entendíamos de todos nós e quando terminava a estadia, ficava tudo limpo e arrumado para futuras utilizações. Ora como eu, certamente várias pessoas usufruíram dessa estrutura e de outras e têm certamente o mesmo sentimento.
Também me lembro da altura (alguns anos mais tarde), em que as casas do parque estavam todas com ocupação 100%. Digo isto porque, experiencia própria, tentei por várias vezes alugar e não consegui. Ora, concluímos que financeiramente seriam estruturas rentáveis, a menos que, essa ocupação fosse “fictícia” ou sem contrapartida financeira (digamos para os “amigos”).
Houve em Montesinho, um investimento em estruturas de apoio, ou seja, construção de cozinhas junto à casa da Lama Grande, para que a população pudesse usufruir de bons momentos em piqueniques num espaço agradável, com uma beleza que só quem lá está pode descrever. Tudo perfeito, contextualizado, em pedra e madeira, com lareira, mesas e bancos, casa de banho….. Tudo para que todos pudessem usufruir, quer de Verão quer de Inverno.
E hoje, verificamos o estado lastimável em que essas estruturas (quer as cozinhas quer a casa) se encontram.
Já há alguns tempos que não ia à casa da lama grande e no passado mês de Junho, em visita ao Parque com uns professores do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa resolvi ir mostrar aquela que considerava a pérola de Montesinho, a cereja no topo do bolo, a Casa e a envolvente. Confesso que as lágrimas assomaram os meus olhos, quando entrei e verifiquei o estado das coisas. Nem queria acreditar. Aliás se me contassem achava que estavam certamente a exagerar. Logo deparo-me com várias perguntas:
De quem é a culpa?
Neste País a culpa por norma morre solteira. Mas aquilo é um crime. É um crime público. Investiu-se dinheiro de “todos” naquela estrutura como noutras e para quê? Para ter aquele triste fim…….

Será melhor ter as casas cedidas a exploração a particulares, já que o estado não sabe ou não quer gerir, ou deixa-las chegar a este estado de degradação?

Será melhor ter um parque natural em que nada é permitido fazer, em que as populações e o parque não se entendem, ou ter um parque onde, como nos outros parques naturais, convive o natural com as pessoas e o investimento?

Será que é tão difícil perceber que quando não há utilização das estruturas ou não há presença humana nos locais, só o vandalismo acaba por triunfar?

Será que não é possível conciliar o investimento, ou seja, a utilização dos equipamentos/recursos e a protecção do parque?
Agora falamos outra vez de recuperar, ou seja, gastar novamente dinheiro de “todos” para compor aquilo que “alguém” deixou chegar àquele estado lamentável. Passamos a vida nisto. Na agricultura houve dinheiro para arrancar o que estava plantado. Depois houve dinheiro para replantar novamente a mesma coisa….. Aqui é quase o mesmo. Diria mesmo, que alguém parece estar a lucrar com esta situação. Primeiro faz-se, depois desfaz-se aquilo que se fez (neste caso por vandalismo) e agora pensamos novamente em fazer…..
Não haverá uma estratégia de longo prazo?
Diz-se por ai que a solução para Bragança passa pelo turismo. Para mim uma das soluções para Bragança passa pelo turismo sim, mas por um turismo estruturado, definido a médio e longo prazo, articulado com as entidades, instituições e empresários que possam ter um papel no desenvolvimento de soluções sustentáveis.
É urgente e necessário que comecemos a pensar no colectivo e não cada um no seu umbigo. É necessário que nos unamos para sermos mais fortes. É necessário que tenhamos a capacidade de ouvir as populações e não termos a pretensão de achar que sabemos o que é melhor para elas.
É necessário que todos, e todos somos poucos, caminhemos na mesma direcção.


Por Anabela Anjos
in:jornalnordeste.com

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