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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Suevos e Vândalos na História do Distrito de Bragança

Nada deixaram os escritores romanos, pelo menos que chegasse até nós, relativamente ao distrito de Bragança, se bem que a arqueologia mostra claramente a disseminação do povo iate rege por esta região [21].
De Políbio e Tito Lívio colhe-se que nem os fenícios nem os cartagineses entraram nela, e dos romanos foi o procônsul Décio Júnio Bruto o primeiro que conquistou todos os povos entre o Douro e Minho, empresa tão difícil e de tanta glória, que o povo romano lhe decretou as honras do triunfo e ele passou a tomar o apelido de Calaico (galego), tanto este povo era indomável e forte.
Pelo princípio do século V os bárbaros do norte invadem as diversas províncias do império romano. No ano de 409, aos 13 de Outubro, uma terça-feira, memorant die, como traz Idácio [22], os alanos, vândalos e suevos irrompem nas Espanhas, e, no ano seguinte, Alarico, rei dos godos, entra em Roma, devastando tudo.
«À terça-feira (diz o rifão popular), não cases a filha nem urdas a teia».
A entrada destes bárbaros nas Espanhas ficou assinalada por extremas calamidades. No seu furor destruidor nada poupavam: vidas, fazendas, frutos, edifícios, tudo foi pasto da sua desenfreada ferocidade.
Como consequência, sobreveio uma fome espantosa: os homens, obrigados pela necessidade, comiam-se uns aos outros; as mães matavam os próprios filhos para os comer; as feras, acostumadas aos cadáveres, que pelos imensos morticínios ficavam insepultos, atiravam-se aos vivos, e de tanta corrupção e miséria promanou a peste que dizimou milhares e milhares de vítimas, vindo assim a unirem-se em toda a sua potência destruidora os três maiores flagelos da humanidade: fome, peste e guerra.
Durante dois anos as Espanhas ficam entregues a todos os horrores; por último, em 411, os bárbaros sossegam alguma coisa e dividem entre si a presa.
Os suevos e os vândalos ficam com a Galécia, mas em 420, segundo Idácio, a quem vamos seguindo nesta narração, por ser autor coetâneo, os vândalos abandonam completamente o território aos suevos, passam para a Bética e dali em breve a África. Gonderico, e depois seu filho Genserico, foram reis dos vândalos na Galiza.
Na África também pouco estáveis foram, pois S. Isidoro coloca no ano de 522 a sua destruição aos golpes de Belisário [23].
Hermérico foi o primeiro rei dos suevos na Galiza, que não chegou a dominar completamente, e, cansado de tanto lutar, fez as pazes com os galegos, permitindo-lhes viver independentes em certa parte do território.
Réquila, seu filho, que lhe sucedeu, agregou ao reino as províncias Bética e Cartaginense.
Sucedeu-lhe Requiário, que foi derrotado perto de Astorga, junto ao rio Orbigo, por Teodorico II, rei dos godos; fugiu, mas foi apanhado e morto junto a um lugar chamado Portucale ou Portucalem. É para notar este lugar mencionado na Historia de Regibus Gothorum, Divi Isidori, que é o documento que agora vamos seguindo, [era 596].
Segundo Teófilo Braga, a «designação Portugal é desconhecida em todos os documentos anteriores a 1069», com cuja opinião parece estar em desacordo o texto acima [24]. Demais, Idácio menciona também o Castrum Portucale.
Já no primeiro concílio nacional, convocado pelos godos em 589, aparece pela primeira vez a menção da Igreja Episcopal Portucalense. Além disso, o Chronicon Lusitanum, o de Sampiro e o de D. Pelaio, já apontam este nome. Poderá dizer-se que Portugal está aqui em substituição de Lusitânia; isto, porém, não salva de confusão o texto do ilustre escritor português.
Esta derrota de Riquiário abalou por completo o reino dos suevos.
Os poucos que sobreviveram, retirados para as extremas partes da Galiza, elegeram Maldras por seu rei; mas em breve surge a guerra civil.
Outra facção escolhe Frantano.
A morte de Maldras mais aumenta a luta. Frumário e Remismundo disputam entre si o reino. Em 464, Frumário invade Chaves, a qual magni avertit excidio.
Parece que alguns galegos gozaram sempre de certa autonomia, porque Remismundo ainda celebrou um tratado de paz com eles pelos anos de 464; ou seria que com a guerra civil eles tinham levantado a cabeça?
Foi no governo de Remismundo que Ajax, de nação gálata, semeou a heresia ariana no meio dos suevos que lentamente haviam abraçado o Cristianismo. As prédicas de Ajax tiveram lugar pelos anos de 464, e para a sua eficácia muito concorreu Remismundo.
A este seguiram-se vários reis suevos, de quem a história não aponta os nomes, e todos professaram o arianismo. Por último, reinou Teodemiro, que abraçou o Cristianismo convertido por S. Martinho, bispo de Dume, perto de Braga, juntamente com a sua nação.
Miro, seu filho, sucedeu-lhe no trono, e a este seu filho Ebórico, que se viu privado da coroa pelo usurpador Andeca, sendo constrangido a tonsurar-se.
Não gozou, porém, por muito tempo Andeca o reino, porque
Leovigildo, rei dos godos, o venceu e privou do trono, obrigando-o igualmente a tonsurar-se, e extinguiu, incorporando-o no seu, o reino dos suevos, que havia durado por espaço de cento e setenta e sete anos.




Memórias Arqueológico-Históricas
do Distrito de Bragança

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