O presidente da Câmara de Vila Flor expressou o receio de que o projeto de maior envergadura do concelho transmontano, a construção de uma nova barragem de 10,8 milhões de euros, seja preterido na distribuição dos fundos comunitários.
Fernando Barros confessou à Lusa estar “um pouco apreensivo” com receio de que os fundos sejam canalizados para outros projetos e outras áreas, como acontece com o bolo global que o país recebe da União Europeia com base nos indicadores de regiões como o Nordeste Transmontano, mas que acabam por ser aplicados em regiões mais desenvolvidas.
O município espera apenas “resposta da análise da candidatura” ao programa PDR 2020 (Programa de Desenvolvimento Rural) para comparticipação dos 10,8 milhões de euros para a construção da barragem Redonda das Olgas, na freguesia de Freixiel, destinada a regadio para desenvolver a agricultura local e também como ponto de apoio ao combate de fogos florestais.
Trata-se do projeto de maior envergadura da autarquia transmontana que pretender aumentar em 700 hectares a área de regadio do concelho que integra um dos vales mais férteis portugueses, o da Vilariça, junto com os municípios de Alfândega da Fé e Torre de Moncorvo.
“Quando se fala tanto que é preciso que a agricultura seja apoiada, rentável, que precisamos de mais pontos de água para combater os incêndios, este projeto quer dar resposta”, frisou o autarca socialista.
Fernando Barros acredita que aumentando a área de regadio numa zona, como em Trás-os-Montes, onde ainda prevalece a agricultura de sequeiro, será possível reforçar o apoio aos agricultores e aumentar a escala das culturas agrícolas, desenvolvendo e tornando o setor mais rentável.
Outro dos usos pretendidos para a barragem é o apoio no combate aos incêndios florestais, já que a zona para onde está localizada é frequentemente fustigada pelas chamas, na época crítica dos fogos.
O autarca aponta o exemplo do Vale do Vilariça que, depois de décadas de espera, tem o plano de regadio concluído com três barragens, e que considera, tornou-se “num bom exemplo a nível nacional” de aproveitamento da água e desenvolvimento da área de cultivo, nomeadamente os pomares e hortícolas.
O autarca transmontano espera que quem avalia e decide sobre as candidaturas “tenha em conta a importância e urgência do regadio” para uma agricultura mais rentável e lembra o caso do Alqueva, no Alentejo, onde com a água chegou a expansão do setor.
O receio do presidente de Vila Flor é que nos critérios de distribuição das verbas prevalece a queixa recorrente dos autarcas do interior do país que alegam que Portugal continua a receber fundos comunitários com base nos indicadores das regiões menos desenvolvidas e destinados à coesão do território nacional, porém os dinheiros acabam por não irem parar aos destinatários, mas a zonas mais densamente povoadas e com níveis maiores de desenvolvimento.
Agência Lusa
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