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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Notícias da cidade

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

A cidade envelhece. Pesa-me o peso dos anos dos idosos. Pesa-me tanto! 
Uma réstia de sol amornece o jardim José de Almeida. Os idosos cismam. Uma cidade de militares. A banda do Regimento de Infantaria 10 toca no coreto da Praça da Sé. A minha mãe nunca me deixava ir aos bailes… depois fui servir para a casa da Dª Aninhas Cepeda… aí a vida já era diferente! Gente rica… milionária!.... Havia uma taberna ao fundo da Costa Pequena íamos lá todos os dias comprar pão. O meu pai nunca nos deixou faltar nada… trabalhava na moagem do Sr. Mariano…. fazia tão boa farinha. Depois fui trabalhar para casa duma senhora… o senhor deve conhecer… recebia estudantes à merenda… não sei se já teria morrido… Íamos ao leite à Quinta dos Mirandelas… tanta vaca… boa gente! Casei-me… o meu homem era tão lindo! Tantos filhos… os mais velhos ajudavam a criar os mais novos… O rio Sabor faz tanta falta… tantas sacadas de roupa lavei… água limpinha!… O Cabo Pardal era o chefe dos corneteiros… tão bem fardado… parece que o estou a ver… não sei se já teria morrido! Os panelões do rancho do Batalhão de Caçadores 3 alimentava meia cidade… era tão boa gente! O Senhor coronel… acho que já morreu. Os meus filhos estão todos muito bem… e tantos netos… não sei quantos! A cadeia era junto ao Principal… andavam por ali as galinhas e tínhamos um porco numa loja da Costa Grande… A cidade era tão bonita… agora só há invejas!
… os idosos… pesam-me os idosos… pesam-me as memórias… já me lembro de tanta coisa!
… envelheço!

Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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