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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

O QUE ACONTECEU A MARIA MATOS, NO CONSERVATÓRIO

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Maria Matos era uma menina talentosa, mas muito tímida, e muito introvertida.
Quando se apresentou, ao exame de admissão, ao Conservatório, tremia como varas verdes.
Perante o júri, que a ia examinar, não era capaz de articular, fosse o que fosse. 
Tudo que decorara e ensaiara, cuidadosamente, se varrera, inexplicavelmente, da memória.
Os membros do júri, pacientemente, aguardavam que recitasse poema, à escolha, ou trecho de texto, por ela escolhido. Mas nada. Tomada de medo, sua boca, era completamente muda.
A menina, agitando nervosamente a saia, ofegando, de olhos vagos, muito abertos, brilhando de ansiedade, esperava a sentença… A reprovação era certa…
Presenciava aquela confrangedora cena, D. João da Câmara, e apiedou-se da angústia daquela candidata, e, em tom meigo e paternal, disse-lhe:
- “ Reze a Avé - Maria…”
Ao escutar a voz amiga do dramaturgo, Maria Matos, como se fosse impelida por força misteriosa, aprumou-se, ergueu a cabeça, com altivez, e começou a declamar, diria melhor: a rezar, a oração, com tanta sensibilidade, de forma tão bela, que o jure, por unanimidade, não hesitou aprová-la.
D. João da Câmara, reconhecida por todos, que tiveram o privilégio de o conhecer, como Homem bom, prestável e amigo de auxiliar os que necessitavam, salvou aquela menina de reprovação certa.
Mais tarde, já famosa, considerada, pela crítica, como uma das melhores atrizes do seu tempo, sempre que lhe surgiam dificuldades, dirigia-se ao cemitério, e diante do jazigo de D. João da Câmara, pedia-lhe intercessão, perante Deus, e conselhos amigos.
Faz ternura…Não faz? …” Escrevia a D. Emília da Câmara Almeida Garrett, a sua mãe, em missiva, enviada de Castelo Branco, em 28/6/1910, acrescentando, que ouvira, o que acabei de narrar, da própria boca da atriz, quando a visitou, ao passar, em tournée, por aquela cidade.


Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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