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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

POEMA 6


Saudades tenho saudades
Desses tempos que lá vão
Quando à porta do quinteiro
Eu jogava meu pião
É que, então, na terra
Eram venturas para mim
Meu pai me dava biscoitos
Minha mãe beijos sem fim
Minha avó me defumava
De manhã com alecrim
Por esses prados amenos
Como contente eu saltei
Com o meu chapéu de dois bicos
Que de um papel arranjei
Em grosso pau a cavalo
Mais orgulhoso que um rei
De ser cristão nessa idade
Tenho já nobre altivez
A mitra com que fui bispo
Que o mano António me fez
Ao pé da minha Igrejinha
Bispo fui por muita vez
Vós inocentes “folguedos”
Eu via o tempo a voar
Se um dia vinha um sopapo
Que me obrigava a chorar
Dois de mimos cobertos
Eis a rir, eis a brincar.
Meu peão idolatrado
Que será feito de ti?
Papagaio da minha alma
Dias há que não te vi.
Doces biscoitos d’outrora
Quem nos dera agora aqui
Meigos beijos inocentes
Como ainda me lembrais
Cheirosos defumadouros
Que saudades me inspirais
Meu lindo chapéu de bicos
Não me enfeitarás jamais.
Grosso pau em que me montava
Cinzas talvez serás
A mitra com que fui bispo
Esfarrapada foi já
E a minha bela igrejinha
Em que mãos hoje estará?
Da infância, a negra saudade
Que a desgraça me reduz
A minha alma espevitando
Tem quase apagada a luz
Só vivo até que o meu peito
Às escuras diga truz.

RECOLHA 2005 SCMB, ANTÓNIA FARIA, Idade: 94.
Localização geográfica: REBORDÃOS – ORIGEM + 60 anos.

FICHA TÉCNICA:
Título: CANCIONEIRO TRANSMONTANO 2005
Autor do projecto: CHRYS CHRYSTELLO
Fotografia e design: LUÍS CANOTILHO
Pintura: HELENA CANOTILHO (capa e início dos capítulos)
Edição: SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BRAGANÇA
Recolha de textos 2005: EDUARDO ALVES E SANDRA ROCHA
Recolha de textos 1985: BELARMINO AUGUSTO AFONSO
Na edição de 1985: ilustrações de José Amaro
Edição de 1985: DELEGAÇÃO DA JUNTA CENTRAL DAS CASAS DO POVO DE
BRAGANÇA, ELEUTÉRIO ALVES e NARCISO GOMES
Transcrição musical 1985: ALBERTO ANÍBAL FERREIRA
Iimpressão e acabamento: ROCHA ARTES GRÁFICAS, V. N. GAIA

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