São Paulo (Brasil)
(colaborador do Memórias...e outras coisas)
O espírito é a parte imponderável do ser vivo que pode dar-lhe “passagem”. A existência do espírito, embora seja considerada como fluida e menos objetiva, pode sim ser estudada através de um pensamento que avançasse com mais desenvoltura. Com base na teoria quântica, hoje em dia já se acredita na concepção de uma única forma de ligação química com manifestações diferentes. Busca-se uma hipótese ou a localização de um problema, que podem ser empírico, conceitual ou transcendental. Quase sempre a tentativa de entender os fatos e evidências nos leva às interpretações analógicas. Porém, a analogia é uma semelhança parcial, não idêntica!
Não é de hoje que os grandes pesquisadores e cientistas buscam inspiração nos conhecimentos esotéricos; e os avanços da Ciência não são ignorados pelos esotéricos! Quanto à Matéria, ela é indiscutível: podemos tocá-la, vê-la, portanto usamos nossos sentidos para constatá-la. Já o Espírito é tido como imponderável... . Embora os cientistas não tenham (ainda) conseguido medir manifestações espirituais, o número (vasto) de pessoas que acreditam na existência do Espírito, nos leva a pensar que é realmente necessário procurar entender o fenômeno. Os esotéricos afirmam que quando um grupo de pessoas engajadas numa iniciativa se admite a formação da “Egrégora” (entidade ou força resultante do pensamento de um grupo de pessoas que formam a “corrente”), pode mesmo manifestar-se em várias circunstâncias.
A máquina Kirlian, conhecida e debatida mundialmente, tida como capaz de fotografar nossa aura (e a de qualquer ser vivo), parece capaz de ser considerada como uma maneira de “ver” a presença do etéreo. Conforme Max Planck: “...na ciência, estamos interessados em descobrir o que é verdadeiro ou falso; na religião, o que é bom ou mau. A ciência da Natureza é o fundamento da ação orientada para a técnica; a religião é o fundamento da ética”.
Nesse ponto, este autor faz lembrar que existe no Brasil, na cidade de Rebouças (PR), um grupo de benzedeiras registradas na Prefeitura Municipal, de onde recebem algum tipo de privilégio (sem dinheiro envolvido), que permite que as mesmas possam fazer atendimentos aos moradores, por suas mazelas. Figuras muito comuns no interior do Brasil, elas são mulheres que se dedicam a curar doentes com fé e sabedoria popular. Mas a tradição das benzedeiras enfrenta dificuldades para continuar existindo.
Para muita gente, as benzedeiras são capazes de oferecer soluções para problemas que a medicina não consegue resolver. São enfermidades que são denominadas como "rasgaduras", equivalentes a dores no peito, "sustos" e etc. Rebouças, uma cidade no sul do Paraná, resolveu regulamentar a profissão das Benzedeiras. Na cidade, há 133 benzedeiras cadastradas, uma média de uma delas para cada cem moradores. Na cidade, a cura com orações e plantas medicinais se tornou uma profissão voluntária: entre as obrigações incluídas no compromisso das novas profissionais, está a de não cobrar pelo atendimento. De acordo com as benzedeiras, quem executa a cura é Deus e, portanto, não é correto cobrar de ninguém. O secretário municipal de saúde se diz muitíssimo satisfeito pelo trabalho das benzedeiras, que poupam centenas de idas de “doentes” aos postos de saúde do município. No post “Mãos Que Curam, Palavras Que Saram”, Ricardo Câmara resgata a história da cura pela fé e destaca o trabalho de benzedeiras, normalmente uma atividade gratuita e voluntária que difunde-se como uma alternativa à medicina tradicional desde o século XVI:
“... Terço e folhas nas mãos, oração na ponta da língua e muita fé em Deus. As benzedeiras e benzedores que surgiram no Brasil com a chegada dos Jesuítas, no século XVI, são figuras presentes na cultura popular até os dias de hoje. A benzeção, como várias outras práticas religiosas e médicas populares, aflorou-se com intensidade no período Colonial Brasileiro e os fatores que propiciaram o desenvolvimento da prática da benzeção, com certeza, remetem à precariedade da vida material, destacada pela raridade de médicos, de cirurgiões, de produtos farmacêuticos e ao sincretismo dos povos em geral, que também contribuíram, e muito, para que a prática da benzeção se propagasse ainda mais”. A conclusão desse autor é que a benzeção é a “complementaridade” (*) de uma ação do Espírito, através das pessoas que creem, fazendo maravilhas através da matéria; isso tudo através de um ser humano (as benzedeiras), o que dá ao fato ainda mais certeza disso.
A assertiva do autor acima mencionado é suportada pela definição da Gnose (pág. 88 desse livro), onde a concepção neognóstico (década de 1970) é definida. Tal definição parte de uma concepção filosófica de que existem seres portadores de Espírito, atuando diretamente sobre a matéria. Tais seres são denominados, pelos Gnósticos, de “eons”.
Ao que parece, o Espírito é indissociável da Matéria, portanto não se contrapõe; é essa entidade com percepção extra-sensorial que tem a capacidade de captar informações do meio e acumulá-las para uso do nosso corpo.
Creio que é isso que as benzedeiras nos passam: com o colapso do corpo (envelhecimento, doenças, etc.), essas informações e elaborações são devolvidas, via benzedeiras, ao meio de onde vieram. Se não fossem complementares, creio que tal efeito não se desenvolveria.
Referências:
- (*) “Porque a Complementaridade”, de Renato Nunes Rangel.
- Pesquisa do autor.
Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 8 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de quatro outros publicados em antologias junto a outros escritores.
Sem comentários:
Enviar um comentário