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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Carta de Pero Vaz de Caminha a El Rey Don Manuel I de Portugal…

Por: Silvino dos Santos Potêncio
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..")
Emigrante Transmontano em Natal/Brasil – desde 1979
Senhor, posto que o Capitão-Mor desta vossa frota, e assim (mesmo) os outros Capitães escrevam a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de  também  dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que – para o bem contar e falar – o saiba pior que todos fazer!
 Todavia tome Vossa Alteza a minha ignorância por boa vontade, a qual bem certo creia que, para aformosentear nem afear, aqui não há-de pôr mais do que aquilo que vi e me pareceu.
 Da marinhagem e das singraduras do caminho não darei aqui conta a Vossa Alteza – porque o não saberei fazer – e os pilotos devem ter este cuidado. 
 E portanto, Senhor, do que hei de falar começo; 
 E digo que; 
A partida de Belém foi – como Vossa Alteza sabe, segunda feira a 9 de Março. E sábado, 14 do dito mês, entre as oito e nove horas nos achamos entre as Canárias, mais perto da Grande Canária. E ali andámos todo o dia em calma, à vista delas, obra de três a quatro léguas. E domingo, 22 do dito mês, às dez horas mais ou menos, houvémos vista das Ilhas de Cabo Verde, a saber da Ilha de São Nicolau, segundo o dito de Pero Escobar, piloto. 
 Na noite seguinte, à segunda-feira (quando) amanheceu, se perdeu da Frota Vasco de Ataíde com a sua Nau, sem haver tempo forte ou contrário para (isso) poder ser!
 Fez o Capítão suas diligências para o achar, em umas e outras partes. Mas… não apareceu mais! 
E assim seguimos o nosso caminho, por este mar de longo, até que Terça-Feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de Abril, topámos alguns sinais de terra, estando (distantes) da dita Ilha -  segundo os piltos diziam, obra de 660 ou 670 léguas – os quais (sinais) eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, e assim mesmo outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam de fura-buchos. 
Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvémos vista de Terra! A saber;primeiramente de um Grande Monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o Capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz!
Mandou lançar o prumo. Acharam vinte e cinco braças. E ao sol posto umas seis léguas da terra, lançámos âncoras, em dezanove braças – ancoragem limpa. Ali ficámo-nos toda aquela noite. E quinta-feira pela manhã, fizemos vela e seguimos em direitura à terra, indo os navios pequenos diante – por dezassete, dezasseis, quinze, catorze, doze, nove braças - até meia légua da terra, onde todos lançámos âncoras, em frente da boca de um rio. E chegaríamos a esta ancoragem às dez horas, pouco mais ou menos. 
E dali avistámos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos que chegaram primeiro. Então lançámos fora  os batéis e esquifes. E logo vieram todos os Capitães das Naus a esta Nau do Capitão-Mor. E ali falaram. E o Capitão mandou em terra a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou a ir-se para lá, acudiram pela praia homens aos dois e aos três, de maneira que, quando o batel chegou à boca do rio, já lá estavam dezoito ou vinte!...
 Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. E Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os depuseram. Mas não pode deles haver fala nem entendimento que aproveitasse, por o mar quebrar na costa. Sómente arremessou-lhe um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça, e um sobreiro preto. E um deles lhe arremessou um sombreiro de penas de ave,compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas como de papagaio…

(in: “O BRASIL DE 1500” – Volume I)

Autor: Silvino Potêncio – Emigrante Transmontano em Natal/Brasil) 

Nota de Rodapé: este documento encontra-se resguardado e conservado na sua forma original no Museu Nacional “Torre do Tombo” em Lisboa, e algumas das fotos inseridas neste livro são da coleção do Autor em visita ao Castelo de Belmonte – Guarda – Portugal 
E.T. o Autor foi Membro da Comissão Nacional dos Descobrimentos Portugueses nomeada pelo Conselho de Ministros e Esta Comissão exercida no período (1986-2002) foi um organismo público criada pelo Decreto-Lei n.º 391/86, de 22 de Novembro, e integrada na Presidência do Conselho de Ministros, que tinha como objectivo a preparação, organização e coordenação das celebrações dos descobrimentos portugueses dos séculos XIV, XV, XVI e XVII. 
 A CNCDP foi extinta pelo artigo 2.º da Lei n.º 16-A/2002, de 31 de Maio, regulamentado pelo Decreto-Lei n.º 252/2002, de 22 de Novembro do mesmo ano, sendo as suas funções e arquivos absorvidos pelo Ministério da Cultura.


Silvino dos Santos Potêncio, nascido a 04/11/1948, é natural da Aldeia de Caravelas no Concelho de Mirandela – Trás-Os-Montes - Portugal.
Este Autor tem centenas de crônicas, algumas já divulgadas sob o Título genérico de “Crônicas da Emigração”.  Algumas destas crônicas são memórias dos meus 57 anos na Emigração foram incluídas nos Blogs que todavia estão inacessíveis devido ao bloqueio do Portugalmail.pt, porém algumas foram já transcritas para a Página Literária. 
Presidente Fundador do Clube Português de Natal e Membro activo de várias páginas em jornais virtuais ligados ao Mundo da Lusofonia.
01 – POEMAS DE ANGOLA – “Eu, O Pensamento, A Rima!...”
02 – E-Book (Livro Electrônico): “UM CONVITE P’RA TOMAR CHÁ”
03 - CURRIÇAS DE CARAVELAS- TROVAS COMENTADAS é uma Antologia que contém  Trovas  e Textos Auto Biográficos da Aldeia Transmontana. 
        São livros da minha autoria já prontos para Edição e publicação brevemente. 
Actualmente mantenho uma página literária própria, como Emigrante Transmontano em Natal/Brasil, no Portal Recanto das Letras.   
O sitio do Escritor Silvino Potêncio  www.silvinopotencio.net  está aberto a visitas de todos os leitores de Lingua Portuguesa. 


Muito grato pela Atenção e receba um Forte e Fraterno Abraço.

Pode adquirir Ebook´s do autor AQUI.

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