“Só tendo esse conhecimento rigoroso do que aconteceu é que poderemos ter uma atuação preventiva”, afirmou o secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, Rui Martinho.
Este ano, na zona da Denominação de Origem Protegida (DOP) da Padrela, que se estende essencialmente pelos concelhos de Valpaços e Vila Pouca de Aguiar, verificou-se uma quebra acentuada na produção de castanha, aquela que é a principal fonte de rendimento de muitas famílias.
Neste território, os produtores e associações estão a associar a quebra de produção a um fungo, a septoriose, que afeta os castanheiros, ou às temperaturas negativas registadas em setembro.
“Essa dúvida é que nós não podemos continuar com ela. A primeira coisa que nós temos que fazer é um levantamento, criar centros de inovação, centros de investigação e é isso que nós pretendemos fazer no quadro da agenda Terra Futura”, afirmou o governante, em conferência de imprensa na zona de Carrazedo de Montenegro, onde inaugurou também a Feira da Castanha Judia.
Rui Martinho disse que, com esse trabalho, se pretende “identificar os problemas e lhes dar resposta”.
Acrescentou que uma das medidas concretas que se pretende implementar e que tem vindo a ser falada com a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN é a criação de uma rede de avisos, à semelhança do que já acontece para a cultura na vinha, com o Centro de Avisos do Douro.
“Criar uma rede de recolha de informação e de passar aos agricultores atempadamente qual é a situação, e emitir avisos para que eles possam, em tempo, fazer os tratamentos que sejam adequados para evitar que esta situação se repita, isto admitindo, como é muito provável, que estejamos perante o ataque de um fungo, nomeadamente a septoriose”, salientou.
Mas, continuou, se o que aconteceu, como outros também dizem, foram geadas, foi o frio, também é preciso ter essa rede de recolha de informação.
“Nós não podemos é continuar como estamos este ano a discutir e com alguns desentendimentos, entre quem diga que é o frio e outros que dizem que é o ataque de fungo. Temos que saber se é uma coisa ou se é outra, porque esse é o primeiro passo para nós sermos capazes de dar a resposta adequada”, frisou.
Os prejuízos verificaram-se nas zonas mais altas, nomeadamente da zona da Padrela, onde são apontados prejuízos na ordem dos 80%.
O secretário de Estado garantiu que o Ministério da Agricultura vai estar muito empenhado, quer no quadro da agenda Terra Futura quer no quadro da atividade da DRAPN, “para dar esse passo e criar esse serviço que é de enorme utilidade para os agricultores”.
“É absolutamente indispensável que nós sejamos capazes de muito rapidamente dar essa resposta que neste momento não existe, embora existam algumas informações, mas são pontuais. Aliás, por isso, é que fomos surpreendidos com esta situação e temos que dar uma resposta adequada a este tipo de problema”, sublinhou.
A rede de avisos será criada envolvendo o ministério e as organizações de agricultores.
Quanto aos prejuízos que este ano afetam os produtores, Rui Martinho disse que, neste momento, se está a avaliar.
“Criar regimes de apoios é muito limitado, está muito condicionado. Vamos analisar a situação e vamos ver. Hoje estamos a tomar contacto com a situação e vamos ver o que é que, eventualmente, se pode desenvolver para atenuar esta situação”, afirmou.
O governante fez hoje uma viagem por três DOP da castanha, começando nos Soutos da Lapa, seguindo depois para a Padrela e, por fim, para a Terra Fria.
Com este dia dedicado à castanha, Rui Martinho quis dar visibilidade “àquilo que de muito bom se tem vindo a fazer” quer pelas associações do setor quer empresas, que “pegando num produto tradicional o transformam para o mundo inteiro”.
O governante classificou ainda as feiras da castanha como “absolutamente” importante para a divulgação e projeção deste fruto e de outras atividades económicas que estão conectadas com a castanha.
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