terça-feira, 30 de novembro de 2021

Pequenos agricultores queixam-se do preço dos produtos para a agricultura e dizem diminuir produções

 O aumento constante do preço dos produtos para a agricultura está a tornar-se insustentável para os pequenos agricultores da região
No concelho de Bragança, um produtor deixou de semear cereal e outro foi obrigado a diminuir a produção de carne. Em poucos meses o preço do adubo quase triplicou e as lojas de produtos agrícolas já notam que os clientes estão a comprar cada vez menos.

Alguns agricultores já estão a deixar de produzir determinados produtos, porque o preço dos adubos quase triplicou. É o caso de Joaquim Pereira, da localidade de França, concelho de Bragança, que diz que este ano vai deixar de semear cereais.

“Podia contar-se com uma subida dos preços, mas tão grande ninguém contava. Este ano não compro nada, já nem semeio sequer o cereal. Deixei de semear porque aumentou muito o preço”, disse.

David Pires, de Gondesende, no concelho de Bragança, queixa-se do mesmo. Tem vacas e vitelos, que depois vende para carne. Actualmente, ao preço a que a carne é vendida e ao custo dos cereais admite que não compensa ter pecuária.

“O quilo da carne é pago entre 4 euros e 4,5 euros, que é quase o mesmo preço que há 30 anos, mas a saca custa 11 euros e só tem 25 Kg. Os animais se os quisermos ter temos que os alimentar, só que estou a ter prejuízo. Já reduzi bastante, antes tinha 20 e tal vacas e agora tenho metade”, referiu.

Segundo Carlos Gonçalves, da Casa Agrícola, em Bragança, o ano passado, o “adubo 20,5” custava ao consumidor 8 euros, actualmente é comprado pela loja a 16 euros +IVA. As rações também não escapam a esta inflação.

“As rações podemos ver que vão subindo 10 cêntimos hoje, 10 cêntimos amanhã. As sacas vão descendo também de peso, já nem sequer recebemos sacas de 30 Kg, já vêm a 25 Kg. A saca de 25Kg está mais cara do que a de 30 Kg que se vendia no início do ano”, afirmou.

No Sittio, uma loja que também vende produtos agrícolas em Bragança, a situação é idêntica. Segundo o director, Pedro Murçós, os preços têm aumentado “quase semanalmente” desde Agosto, o que tem levado os clientes a comprar menos.

“Aquilo que temos notado e segundo o que as pessoas dizem quando vêm à loja é que este ano, se calhar, algumas pessoas vão deixar de aplicar, porque não podem pagar, porque não há essa inflação no preço do produto deles”, salientou.

No entanto, o secretário de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Rui Martinho, considera que esta inflação dos preços não vai ter “um impacto grande na produção”, nomeadamente do azeite.

“Não queremos que venha a ter um impacto grande na produção do azeite, mas obviamente que a situação que se vive é preocupante, vamos esperar que seja uma situação temporária. Existe a possibilidade de no quadro do pré PAC de rever os níveis de subsídios que estão feitos”, afirmou.

Também a directora regional de Agricultura e Pescas do Norte, Carla Alves, defende que não haverá uma quebra na produção dos pequenos agricultores, mas sim um aumento dos preços dos produtos vendidos ao consumidor.

A nova PAC, Política Agrícola Comum, para o período entre 2023 e 2027, está agora em consulta pública até 6 de Dezembro. Carla Alves deixou ainda a garantia que o novo quadro comunitário trará benefícios para os agricultores transmontanos.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

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