O estudo já foi apresentado, em Setembro, e submetido ao Ministério das Infra-estruturas no âmbito da consulta pública do Plano Nacional ferroviário. Agora, aquela associação, com sede no Pinhão, diz estar na hora de envolver todos os actores da região transmontana nesta discussão de forma a pressionar o Governo a avançar com este projecto que prevê um investimento superior a 4 mil milhões de euros.
Segundo Luís Almeida, da Associação Vale D’Ouro, com sede no Pinhão, este estudo “vem alterar o paradigma de como se olha para o território”, desmistificando a impossibilidade de construção de uma diagonal ferroviária em Trás-os-Montes, “evidenciando a viabilidade técnica de construção de uma linha de alta velocidade de tráfego misto, a qual permitirá devolver à região um caminho-de-ferro moderno, invertendo-se uma dependência exclusiva do transporte rodoviário para a mobilidade de pessoas e bens”.
Elaborado de acordo com as normas do Administrador de Infra-estruturas Ferroviárias espanhol, o traçado é ambicioso porque prevê ligar o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, à linha de Alta Velocidade Madrid/Galiza, passando por Paços de Ferreira, Amarante, Vila Real, Alijó, Mirandela, Podence (Macedo de Cavaleiros) e Bragança.
A proposta prevê tempos de viagem de 43 minutos entre o Porto e Vila Real. 1h14m até Bragança e ligação à Alta Velocidade Madrid/Galiza a 35 kms da fronteira.
Para Luís Almeida, este traçado iria permitir abrir a Europa a toda a região transmontana. “Essa é a grande vantagem, porque com estes tempos de viagens do Porto a Madrid em 3 horas e chegar a Paris em 8 ou 9 horas permitia até um novo fluxo turístico, eventualmente comboios nocturnos, além de que Trás-os-Montes ficaria mais perto do Porto de Leixões e com isto estaríamos a aproximar, de uma forma decisiva e crucial, todos os atores que existem, quer económicos quer a população em si ficava muito mais próxima de todo o Litoral e seria uma contracção do espaço através do tempo que seria decisivo e que abriria novas oportunidades e até contribuir activamente para a fixação das populações”, diz.
Seis meses depois de apresentado o estudo e depois dos constrangimentos devido à pandemia, Luís Almeida entende que chegou a altura de envolver todos os atores da região transmontana nesta discussão como forma de pressionar o Governo a incluir este projecto no Plano Nacional ferroviário. “Nesta fase, é importante que se concluam os estudos referentes à parte de viabilidade económica que nós não tivemos meios para executar e depois que toda a região se envolva com todas as autarquias, comunidades intermunicipais e todos os territórios para dar continuidade a este estudo”, refere.
“Do ponto de vista técnico, fizemos todo este trabalho de oferecer à região esta possibilidade, pelo que agora está na altura, também do ponto de vista institucional, de se começar a pegar no processo e dar continuidade aos próximos passos para que em 2030 estejamos prontos para inscrever este projecto no próximo quadro de investimentos”, acrescenta.
O estudo foi submetido, através da plataforma do plano nacional ferroviário, ao Ministério das Infra-estruturas e Luís Almeida diz ter indicações que o assunto está a ser bem acolhido. “Pelo que sabemos de forma informal, ele tem sido considerado para ser incluído no plano nacional ferroviário, tem havido algumas declarações públicas que vão no sentido da pertinência de pelo menos estudar e perceber se esta solução poderá de alguma forma ser uma alternativa viável e interessante à solução que está neste momento estabelecida para o corredor internacional Norte e no fundo é essa a discussão que queremos provocar”, conclui.
O estudo foi apresentado na última Assembleia Municipal de Mirandela, cidade onde o estudo perspectiva a criação de uma estação junto ao aeródromo municipal.
Um corredor transmontano na ligação ferroviária de alta velocidade entre o Porto e Madrid, em Espanha, é o que prevê o estudo apresentado pela Associação Vale D’Ouro na consulta pública do plano nacional ferroviário. Nos próximos tempos pretende-se envolver as autarquias, comunidades intermunicipais e outros atores da região transmontana para provocar a discussão deste projecto que se estima necessite de um investimento superior a 4 mil milhões de euros.
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