A seca extrema em que se encontra Bragança, segundo o IPMA, é visível e “preocupante” na falta de pastagens para os animais, mas sem efeito nas barragens de abastecimento à população, segundo disse esta segunda-feira o presidente da Câmara.
No último relatório sobre a situação de seca em Portugal, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) colocou o território de Bragança em situação de seca extrema, o único no norte do país com esta classificação face à falta de chuva dos últimos meses.
“As nossas barragens estão em plena capacidade. Para já, não temos ainda nenhuma situação crítica”, disse à Lusa o autarca, Hernâni Dias, acrescentando que o município ainda não teve necessidade de fazer qualquer intervenção nesse sentido, o que “dá algum conforto em termos de abastecimento”.
A cidade e parte do concelho de Bragança são abastecidos pelo chamado sistema do Alto Sabor, com duas barragens, a da Serra Serrada, que é aquela que funciona permanentemente, e a da Veiguinhas, construída mais recentemente como um reservatório para quando tudo o resto falhar.
Neste momento, segundo o autarca, a população está a ser abastecida com a água que “extravasa” da Serra Serrada, pois “a barragem ainda está a ser alimentada por linhas de água” naturais, em pleno Parque Natural de Montesinho.
“Ainda não temos necessidade de baixar rigorosamente nada ao nível das barragens e isso dá-nos algum conforto naquilo que tem a ver com o abastecimento”, declarou o autarca.
O autarca salientou que o município está a tomar precauções “no sentido de garantir uma boa reserva de água para aquilo que poder vir a acontecer”, e não descarta tomar medidas que evitem o desperdício de água.
“Há muitas atitudes das pessoas, muitos comportamentos que não são ajustados a este tipo de situação, nomeadamente lavagem de viaturas, rega de jardins, de ruas. Tudo isso pode vir, se a situação continuar a piorar, a ser algo que mereça uma atenção especial e que nós tenhamos de intervir”, concretizou.
Também a autarquia admite rever algumas práticas ao nível da rega de espaços verdes que ainda não estão autonomizados, ou seja, que ainda não estão a ser regados com sistemas alternativos.
A situação “muito preocupante” no concelho de Bragança, como destacou, é o setor agrícola, concretamente a pecuária, devido à falta de alimento natural nos pastos.
“Os nossos produtores já não têm a possibilidade de alimentar os seus animais nos pastos porque eles não rebentam, não têm humidade e, portanto, estão secos, recorrendo obrigatoriamente a rações, a forragens que têm que ser adquiridas, o que começa a colocar em causa algumas explorações”, indicou.
A situação acarreta “gastos acrescidos” para os produtos de gado e “situações em que inclusivamente pode começar a escassear o alimento para os animais, até mesmo o que é comprado, devido a esta perturbação até a nível europeu, fruto da guerra na Ucrânia”.
“Vamos ver se há necessidade de, num curto prazo, haver algumas medidas que levem a minimizar estes efeitos negativos”, referiu, adiantando que a Câmara Municipal “está disposta a dar alguma ajuda”.
Essa ajuda poderá passar por minimizar os impactos económicos, mas também para levar água aos animais, através da Proteção Civil e das duas corporações de bombeiros do concelho, a de Bragança e a de Izeda, com as quais o município renovou esta segunda-feira protocolos de valor global de meio milhão de euros.
Estes protocolos compensam as corporações pelos serviços prestados às populações, nomeadamente o abastecimento de água, com camiões-cisterna, que é recorrente em algumas zonas rurais, em período com mais população, como o verão, em que os sistemas de abastecimento se tornam insuficientes, mesmo sem seca.
“Naquilo que tiver a ver também com a nossa possibilidade, ao nível da Proteção Civil de ajudar no sentido de garantir que não falta água para os próprios animais, é preciso analisar tudo muito bem e percebermos se há alguma situação mais crítica que precise de algum tipo de ajuda”, concretizou.
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