Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Golias, “aproximou-se de David, mediu-o com os olhos, e, vendo que era jovem e de delicado aspeto, desprezou-o. Disse-lhe: «Sou eu, porventura, um cão para vires contra mim de pau na mão?» E amaldiçoou David em nome dos seus deuses”
I Samuel 17:41-43
I Samuel 17:41-43
O Servo do Povo, pôs-se à frente do exército e, metendo na funda algumas pedras lisas escolhidas num regato, caminhou na direção do Golias mostrando-lhe que não temia o gigantismo do seu opositor, nem a dimensão das suas armas, nem o tamanho do seu exército. O pequeno gigante judeu Volodymyr Zelensky, imitando o lendário pastor, posteriormente sagrado rei de Israel, recusando a oferta de proteção pessoal, vinda do outro lado do Atlântico, num ápice, colocou atrás de si todos os ucranianos com a frase simples (tão simples como a pedra colocada por David, na sua funda) e, respondendo a Washington, disparou para Moscovo: “Não preciso de uma boleia, preciso de munições”.
Esse golpe mágico, tal como a pedrada de há três mil anos, não só uniu todos os seus conterrâneos como despertou todas as consciências ocidentais e desencadeou um movimento universal de solidariedade tão grande quão inesperado, face, não só às expectativas do Kremlin, como igualmente, ao que foram as posições titubeantes, quando já se ouviam os roncos dos tanques de guerra junto à fronteira da Bielorrússia.
A ofensiva soviética, anunciada, inicial e cinicamente, como operação de paz, para responder ao pedido de ajuda emitido por uma das antigas províncias ucranianas de leste, está agora a tentar ser justificada como sendo motivada por questões de segurança. Segundo os falcões moscovitas, mais do que a “ameaça” da integração da Ucrânia na União Europeia e na NATO, o maior perigo para o país das estepes reside no facto de haver, no país vizinho capacidade (e vontade, acrescentam) de construir armas nucleares. Vejamos esta questão com a maior frieza e independência possível.
A ofensiva soviética, anunciada, inicial e cinicamente, como operação de paz, para responder ao pedido de ajuda emitido por uma das antigas províncias ucranianas de leste, está agora a tentar ser justificada como sendo motivada por questões de segurança. Segundo os falcões moscovitas, mais do que a “ameaça” da integração da Ucrânia na União Europeia e na NATO, o maior perigo para o país das estepes reside no facto de haver, no país vizinho capacidade (e vontade, acrescentam) de construir armas nucleares. Vejamos esta questão com a maior frieza e independência possível.
A possível existência de ogivas nucleares em Kiev pode constituir uma ameaça a Moscovo? Teoricamente, sim. Na mesma medida em que a existência das mesmas em solo russo representa um risco para os ucranianos. Porém... as armas (estas e todas as outras) não disparam sozinhas. É preciso que alguém carregue no botão.
O ideal, seria não haver qualquer uma dessas armas, em lado nenhum. Mas, existindo e enquanto não são destruídas... em quem confiar? Quem é que um cidadão normal, pacifista, independente, minimamente informado, escolheria para entregar a chave da mala que despoleta os mísseis atómicos? Ao arrogante, carrancudo e presunçoso Vladimir Putin (ou qualquer um dos seus oligarcas, ou dos ferozes e insensíveis generais), ou ao franzino, humano, sensível e benevolente Volodymyr Zelensky?
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
Sem comentários:
Enviar um comentário