Os terrenos já foram comprados e distam 900 metros da primeira habitação. Se inicialmente os pareceres foram negativos, depois de alguns ajustes no projeto, as diversas entidades começam a dar parecer favorável.
O cheiro e a nuvem de fumo que pode causar uma extratora de bagaço estão a deixar preocupados os habitantes de Carviçais, onde em 2021 foi anunciada a intensão de construir uma fábrica deste tipo. Sabe-se que já foram emitidos pareceres de várias entidades, como a CCDR-N e a Infraestruturas de Portugal, que são favoráveis à pretensão. Há condicionamentos, mas resolvidos, dão permissão para o avanço do projeto. Perante este cenário surgiu um movimento de cidadãos que lutam contra a instalação da extratora. Um dos membros, Luís Líbano, diz que poucos esclarecimentos têm sido dados à população.
“O que têm dito é muito pouco ou quase nada. Na verdade todos eles se refugiam ou no silêncio ou os poucos que já nos deram respostas vão atrás das entidades que estão acima. A partir de uma determinada fase sentimos que a informação é quase inacessível”, referiu.
Vai ser feito um estudo de impacto ambiental para perceber se é ou não viável a construção da extratora naquela aldeia. Se até agora os pareceres têm sido positivos ainda que condicionados, Luís Líbano teme que, se o da Agência Portuguesa do Ambiente também for favorável, a câmara permita o projeto.
“A câmara está precisamente à espera dessas respostas para que possa no final dizer ‘bem já que todos aprovaram nós não estamos em condições de fazer o contrário’”, apontou o membro do movimento.
O investimento é da Casa Alta- Sociedade Transformadora de Bagaços, que já tem fábricas no Alentejo e que são contestadas pela forte poluição que causam. Até agora não foi possível chegar à fala com o responsável pela empresa. O Partido Socialista de Torre de Moncorvo, que é da oposição, também já se mostrou contra o projeto. Na última Assembleia Municipal, o grupo parlamentar apresentou uma moção, que foi rejeitada e que pedia esclarecimentos sobre a posição do presidente de câmara. O socialista José Aires quer clareza no processo.
“O objetivo quando propusemos a moção foi que aquela unidade industrial não aconteça. A análise que nós fazemos a nível legal é que quem pode ou não, em última análise, deferir ou indeferir a construção da fábrica é a câmara municipal porque tem poder legais para isso. O que nos preocupa tem sido a posição intermitente e os constantes ziguezagues que têm sido efetuados essencialmente pelo executivo, na pessoa do sr. presidente da câmara”, frisou.
A Concelhia do PSD de Torre de Moncorvo já veio afirmar publicamente que é contra a instalação da extratora. O presidente da concelhia e ainda chefe de gabinete do presidente de câmara, José Meneses, acredita que o projeto não vai avançar.
“Quero acreditar que ninguém vai dar um parecer favorável à construção naquele local. Nós, comissão política dos partidos da coligação PSD/CDS-PP, fomos junto da direção regional de Agricultura saber qual era a opinião deles e eles foram perentórios em informar-nos que há dez licenças no país deste tipo de fábricas e não vão licenciar mais nenhuma”, afirmou.
Contactado o presidente da Junta de Freguesia de Carviçais disse que não iria prestar declarações nem acrescentar mais nada, mostrando-se apenas contra o projeto nas redes sociais.
Falta agora o resultado do estudo de impacto ambiental que, se for positivo, tal como outros pareceres, deixa porta aberta para que a câmara de Torre de Moncorvo permita a instalação da fábrica. Até agora não foi possível obter declarações do presidente da câmara, embora tenha sido contactado diversas vezes.
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