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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 17 de junho de 2022

OS AMORES DE SALAZAR

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

O conceito que se tem de Salazar, é de político solitário, déspota e por vezes impiedoso. Mas seria o estadista, realmente, assim?
Ou seria amoroso, mas cujo coração foi endurecido pelas constantes humilhações e afrontas sofridas na infância e adolescência?
Nesta despretensiosa crónica vou olvidar a vida política do estadista, abordando apenas a faceta amorosa, quase desconhecida, do antigo Presidente do Conselho.
Dos amores que se conhece, destaca-se talvez a primeira paixão pela prima Ida, filha de modestos lavradores.
A moça era formosa, loira e bastante elegante. Escreveu-lhe – talvez por timidez receou falar-lhe pessoalmente, – romântica missiva, declarando o amor que lhe brotara do peito. Confusa, aconselhada pelos pais, a cachopa recusou, receando não estar a nível de poder namorar um doutor...
Mas o grande amor, quiçá o mais sincero e mais arrebatador – foi pela filha do patrão de seu pai.
Conheciam-se desde a meninice. Eram amigos, e companheiros de infância.
Dessa inocente amizade germinou, entre ambos, um grande amor.
A mãe da menina tinha o rapaz em grande estima, e deveras admirava-o pela sua excecional inteligência. Criara-se em sua casa, sob sua proteção maternal, mas jamais poderia aceitá-lo como genro. 
Certo dia de verão reparou no lânguido olhar do jovem, e principalmente no jeito enternecido como a filha lhe falava, e desconfiou que podia haver possível namorico.
Resolvida a cortar o mal pela raiz, chamou-o recatadamente, e de fisionomia carrancuda, disse-lhe:
- " António: tu sabes como sou tua amiga. És inteligente e chegarás, por certo, muito longe. Mas é bom não esquecer: " serás sempre, para nós, o filho do feitor..." Não quero intimidades com minha filha".
Passaram-se vinte anos, depois dessa severa reprimenda, que dolorosamente feriu o orgulho de Salazar. Dona Maria Luísa – mãe da menina, – telefonou-lhe:
Feita a ligação, pergunta-lhe cordialmente:
- " Ainda se lembra de mim?"
- " Perfeitamente, minha Senhora. Daqui fala o filho do feitor de Vª Exª..." – respondeu-lhe, ironicamente, o Presidente do Conselho.
É igualmente sabido o grande afeto que Salazar sentia por Chistine Garnier – jornalista que Bernard Grasset enviou para o entrevistar.
Quando Jean-Francois, – filho de Christine, foi entrevistado pelo jornalista do " Publico", António Melo (18.04.2000), declarou: que a mãe, quando lhe falava de Salazar, exprimia-se carinhosamente, com " notre ami", e que ambos trocavam correspondência e prendas. Pelo Natal, Salazar, sempre lhe enviava vinho do Porto.
O estadista amou-a...mas à sua maneira; e ela, em recato, nutria por ele intensa amizade...para não dizer: amor.
Salazar teve ainda outros amores.... Foi amado por muitas Senhoras da alta-roda. Entre elas, fidalga da mais elevada linhagem.
Segundo a irmã de Salazar, a Senhora Marta, o estadista foi em petiz, um menino pobre, que gostava de passear com o "Dão" – cachorro da família, – Raras vezes brincava. Era tímido e muito meigo. Se uma mana fosse castigada, ia logo beijar a mãe, pedindo-lhe que a perdoasse.
Sentia pela progenitora amor extremoso. Quando ela esteve em agonia, aflito, passou, de pé, a seu lado, nove dias seguidos, a ponto de lhe incharem os pés de cansado.
O homem que dizia: " Sou um camponês, filho de camponeses." Se não fosse inteligente e não o tivessem enviado para o Seminário, seria humilde camponês, como seu pai. Talvez tivesse sido mais feliz, no amor, e certamente levaria vida mais tranquila...
Salazar nasceu a 28 de abril de 1889. Era filho de pobre trabalhador rural, que administrava, como feitor, a Casa dos Perestrelos, em Santa Comba Dão.

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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