Rita Valadas, presidente nacional desta entidade, esteve em Bragança e confirmou que há novos pedidos de apoio a surgir constantemente. São consequências de dois anos de pandemia e da guerra na Ucrânia, que levou a um aumento generalizado dos preços dos alimentos e de vários serviços básicos. Os pedidos de ajuda em termos de habitação são os mais frequentes e afectam várias pessoas. “Sabemos que existem grandes dificuldades para todos. Para os jovens que, mesmo que não vivam em famílias vulneráveis, ao querer tornar-se independentes ficam nessa situação. Os idosos deixam de poder viver nas suas casas e não têm alternativas. As famílias deixam de conseguir suportar as rendas. E, agora, temos também aqueles que deixam de conseguir suportar os seus compromissos com a banca”.
Durante algum tempo, várias pessoas pediram ajuda à Cáritas para comprar medicamentos. Hoje em dia há menos gente a fazê-lo porque, com os tempos conturbados que se vivem, as pessoas deixaram de dar prioridade à saúde. “Daquilo que nós sabemos, o que acontece é que, infelizmente, depois de 2 anos de pandemia, as pessoas deixaram de priorizar as questões de saúde e de medicamentos, o que é terrível. Com tantos problemas que as pessoas têm, os medicamentos continuam a ser necessários, mas deixam de ser uma prioridade”.
Rita Valadas também esclareceu que há cada vez mais migrantes a pedir ajuda à Caritas Portuguesa. Diz que chegam em grupo e que pouco ou nada têm. “Temos grupos que vão chegando às várias dioceses e vêm sem nada. As pessoas que vieram da Ucrânia eram um grupo bastante diferente, com potencial de vir a resolver a sua situação. Neste momento, estão-nos a chegar grupos de migrantes na esperança de que possamos resolver-lhes a situação mas vêm sem nada. Os apoios financeiros que nos pedem são habitação, água e luz, para além de todos os apoios base que damos. Mas há quem se chegue a nós e não tem nada”.
Rita Valadas disse que a região foi uma das que conseguiu dar melhor resposta, a nível de ajuda social, aos migrantes. Explicou ainda que aqui os problemas são semelhantes aos do resto do país e que trabalhar, hoje em dia, está longe de significar ter dinheiro. “Temos zonas urbanas e zonas rurais. As zonas rurais têm menos dificuldades porque produzem a sua própria subsistência, mas as pessoas que dependem de um salário têm as mesmas dificuldades do resto do país. O salário, se for baixo, não consegue garantir a sustentabilidade das famílias”.
Rita Valadas esteve em Bragança a propósito da XVI Conferência de Santo Condestável – A proximidade e as pobrezas.
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