Agora, as lendas do antigo castelo mouro ganham contornos de alguma realidade, pois as escavações arqueológicas ali efetuadas, a pedido da junta de freguesia, em 2020 e no mês de julho, permitiram chegar à certeza de que ali houve, de facto, uma fortificação. E que a sua origem remonta à quase cinco mil anos, no período do Calcolítico.
“Os vestígios arqueológicos, aquilo que temos vindo a detetar desde 2020 é que houve, da facto, aqui uma ocupação medieval, que se caracteriza, do ponto de vista arqueológico, pela presença de derrubes de estruturas. São pedras com argamassa de cal. Houve uma verdadeira demolição em torno desta elevação rochosa.
Através desses níveis, descartámos a possibilidade de serem mais antigos, pois a utilização de cal é indicadora do período medieval.
Depois, acompanhando esses derrubes, há um espólio arqueológico de cerâmicas domésticas, tipicamente medievais, a par de outros elementos como pontas de seta e pontas de lanças medievais. Tudo em ferro. Isso é a face mais visível da ocupação que aqui existiu.
Estamos a falar de um período entre os séculos IX, X, até finais do XII”, contou o arqueólogo José Luís Sendas, brigantino de gema, ao Mensageiro, que acompanhou os últimos dias de trabalhos ali realizados.
José Sendas conta que “os vestígios mais antigos” existentes neste sítio arqueológico “remontam à transição do Calcolítico para a idade do Bronze”.
“Temos um conjunto de cerâmicas que estão descontextualizadas, o que evidencia que essa ocupação mais antiga poderia ter-se estabelecido também na elevação rochosa, porque esses vestígios acompanham o derrube do castelo. E isso é o marco inicial da ocupação do sítio”, aponta.
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