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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 29 de agosto de 2023

OS CARETOS DE PODENCE

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Os Caretos de Podence são hoje uma imagem de marca, conhecida internacionalmente que atrai, de forma consistente e sustentada, milhares de turistas, interessados, curiosos ou simples foliões àquela aldeia de Macedo. Trata-se, sem sombra de dúvida, de um paradigma de desenvolvimento e combate à desertificação do interior, pela valorização da cultura autóctone, por contraponto aos “enlatados” que, imitando festas e romarias comerciais (e comercializadas) podendo ter algum sucesso no imediato, não tendo raízes, não garantem a sustentabilidade necessária e requerida na utilização dos dinheiros públicos. Desde há muito que defendo que o lastro necessário para as políticas de combate ao empobrecimento humano, social e económico do nordeste está, precisamente, nas iniciativas genuínas e diferenciadoras.
Estranhamente (ou talvez não), quando realço este sucesso macedense, noutras localidades da nossa terra, esperando obter um comentário de congratulação e regozijo por este feito que a todos deveria orgulhar, ouço, com frequência, críticas e reparos de difícil entendimento. Que os caretos não são exclusivos de Podence, que é um fenómeno extensivo a todo o nordeste, quiçá com manifestações mais expressivas noutras localidades, tendo havido, neste caso, uma apropriação (indevida?) de um património comum.
É verdade que os rituais festivaleiros dos mascarados com trajes garridos e chocalhos à cintura não se restringem a esta freguesia nordestina. Mas foi ela que, com o apoio da autarquia e de outras forças vivas da região, fez o trabalho de promoção, divulgação e sistematização, conducente ao reconhecimento internacional do fenómeno. Que é seu. Não é exclusivo, mas também não foi enxertado! Dando uma pancadinha na base de um ovo, de forma a provocar um ligeiro achatamento, qualquer um pode colocá-lo, de pé, sobre uma superfície lisa. Porém a autoria do feito é, desde há séculos, atribuída, e bem, a Cristóvão Colombo por ter sido o primeiro a fazê-lo. É, igualmente, justo pois que seja a gente de Macedo, liderada pela sua autarquia, a beneficiar do sucesso da festa dos garridos mascarados chocalheiros. Não é correto, nem tão pouco útil, para quem quer que seja, a crítica de quem, podendo, não fez o que ali foi feito.
A atitude certa não passa pela disputa (inútil) da primazia de um fenómeno que já atingiu o topo da notoriedade, bem pelo contrário, o adequado é a associação ao evento, incorporando o que puder enriquecê-lo (ganhando Macedo, em maior ou menor proporção, ganhamos todos) e, se houver engenho e arte, aproveitar o exemplo, seguir a boa prática, identificando e trabalhando outras especificidades locais que, felizmente, abundam na cultura tradicional da nossa terra.
É de referir que, Benjamim Rodrigues, um dos autarcas que não “beneficiou” da limitação de mandatos (havemos de falar nisso, brevemente), apesar do estrondoso êxito com os carnavalescos personagens, não ficou à sombra deste troféu. O Geopark Terras de Cavaleiros e a distinção internacional do Parque Urbano são um bom exemplo.
Estou certo que, antes que a perversa lei do “iluminado” Relvas o afaste do Jardim 1.º de Maio, ainda irá acentuar a marca da sua originalidade, competência e eficácia no progresso de Macedo e, por arrasto, de todo o nordeste.

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

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